A miséria ensina até a tocar violino.
Provérbio checo
Crítica. I
João Gaspar
Simões
Livraria Latina
Editora, Porto, 1942
Vou falar de crítica: dizer não o que eu entendo por crítica, mas o que alguns autores portugueses e franceses entendem por essa actividade do espírito, ainda não incipiente em Portugal. Não terei ocasião de falar de mim mesmo: inútil, portanto, esperarem ver-me lutar pelos meus pontos de vista, pelas minha possíveis teses. Deixo a outros o cuidado de falarem por mim.
«A IL avança com Mariana Leitão, o PCP pode vir a escolher Paulo Raimundo ou outro quadro do partido e é provável que surjam candidatos independentes à esquerda. Se há coisa que Gouveia e Melo mostra é que os partidos já não condicionam o que condicionavam. E isso também vale para democratas que recusam Ventura, mas não têm vontade de ter, num tempo tão complexo, um militar imprevisível como Presidente da República. O cenário é tão pouco entusiasmante e tão fragmentado, que tudo ainda está em aberto para muitas surpresas.
Para o mal ou para o bem, a conversa já não acaba quando os partidos falam. Pode não ser por culpa das suas lideranças, que trabalham com o material que têm. Mas precisavam de escolhas muito mais fortes para não correrem o risco de tudo lhes sair tudo furado.»
Daniel Oliveira no Expresso
São muros de papel onde batemos
como insectos doidos
num campo já ceifado.
E vemos nelas os padres
correndo do interior
quase sempre após a sesta
(ainda que se esteja no Inverno)
a folhear Camilo
e a cantar vocábulos
colocando-os com baba às páginas da missa.
Sentados numa sala onde cheira a milho
envoltos em samarras onde passeia a traça
os velhos presidentes camarários
fustigam com sonetos e ruminam
seus futuros artigos de fundo.
Repórteres de domingos e feriados
os bruxos da província
lastimam o país lêem-lhe a sina
com o pingo no nariz fazem batota
como quem joga o loto
cordeiros nédios dum rebanho honrado.
Armando Silva
Carvalho de Lírica Consumível em O Que Foi Passado a Limpo
«As relações do homem
com o livro vão, desde a indiferença, passando pelo amor e podendo chegar até
ao ódio. Por mais estranho que pareça, há pessoas para quem o livro é, de todo,
indiferente: há lares onde não se vê um único livro. Sim, há quem de todo não
leia.»
Eugénio Lisboa
Luís
Montenegro, e seus ministros, dizem os comentadores da nossa praça, governa, por «percepções».
O
Dicionário do Morais, presente, há longos anos na Biblioteca da Casa
(ainda terei de contar como o meu pai, a exemplo de outras gentes, adquiriu o
Dicionário…) na entrada de percepções regista: percepção externa, interna,
natural, primária. No fundo dos fundos, diz que é «a faculdade de perceber
pelos sentidos» e quanto a «percepcionar» apresenta uma frase se António Sérgio
tirada do 3º volume dos Ensaios: «Para percepcionarmos uma cousa
qualquer, cumpre que tenhamos de maneira prévia o esquema de um todo onde ela
se integra.»
Conclui o homem simples, da rua, que Luís Montenegro, e seus ministros, apenas governa, nunca por percepções, mas por incompetências e irresponsabilidade várias.
As televisões estão cheias de comentadores que sabem tudo, mas mesmo tudo.
Marcelo Rebelo
Sousa deverá marcar a eleição presidencial para o dia 25 de Janeiro de 2026, no
entanto, a qualquer hora do dia os comentadores televisivos dedicam-se a falar
da eleição presidencial.
Assistimos a que todos os dias se anunciam candidaturas, que de repente deixam de o ser, e chegou-se ao ponto de já se saber quem será o novo presidente: Gouveia e Melo que foi almirante e teve uma intervenção com as vacinas durante a pandemia.
Entretanto João Soares declarou o apoio a uma eventual candidatura presidencial de António José Seguro, que considera estar a ser alvo de "uma campanha de 'bullying' político" dentro do Partido Socialista, Ana Gomes diz que António Vitorino tem “um passado de advogado lobista” e não quer que o Partido Socialista o apoie: «Eu não sou a favor do centrão dos interesses no meu partido, onde quer que seja no poder, e em particular em Belém. Obviamente tem que ser gente séria, gente credível.»
Assim vamos nós, enquanto o custo de vida vai tomando o freio nos dentes.
Júlio Dantas
Livraria Clássica Editora, Lisboa, Julho de 1962
Cardeal Gonzaga,
como quem acorda, os olhos cheios de brilho, a expressão transfigurada
Em como é diferente o amor em Portugal!
Nem a frase sutil, nem o duelo sangrento…
É o amor coração, é o amor sofrimento.
Uma lágrima…Um beijo…Uns sinos a tocar..
Um parzinho que ajoelha e que se vai casar.
Tão simples tudo! Amor, que de rosas se inflora:
Em sendo triste canta, em sendo alegre chora!
O amor simplicidade, o amor delicadeza…
Ai, como sabe amar, a gente portuguesa!
Tecer de sol um beijo, e, desde tenra idade,
Ir nesse beijo unindo o amor com a amizade,
Numa ternura casta e numa estima sã,
Sem saber distinguir entre a noiva e a irmã…
Fazer vibrar o amor em cordas misteriosas,
Como se em comunhão se entendessem as rosas,
Como se todo o amor fosse um amor sòmente…
Ai, como é diferente! Ai, como é diferente!
O
tempo é Maio de 2002.
Terei
copiado este recorte.
Lamentavelmente, não tenho indicação de autor, jornal ou revista.
«Em Portugal abundam
os maus gestores, os péssimos empresários.
A culpa nunca é deles.
As empresas portuguesas são geridas por profissionais desorganizados, incultos individualistas, ineficientes, formais, autoritários pouco criativos, incapazes de autocritica e que não se preocupam com as necessidades dos clientes.
Trabalhar de uma forma não planeada sem estratégia de médio e longo prazo bem definida
Permanecem no local de trabalho durante longas horas apenas para que essa presença seja notada
Criatividade e a originalidade não são qualidades que abundem, deixam tudo para o último instante, entram no capítulo do desenrascanço
Os próprios gestores definem quanto ganham, preocupam-se com carros topo de gama, o último grito da indústria automóvel. Números de Outubro de 1999 dizem que se vendiam em média, por mês, oito automóveis de preços superiores a 30.000 contos.
Os gestores portuguese receberam um atestado de incompetência indecoros
Chris Angryris, da Universiades de Harvard, referiu que “a maior fraqueza de uma boa parte dos gestores e liders é passarem demasiado tempo a fazer e tempo insuficiente a pensar no que estão a fazer.”
Alguém perguntou ao patrão por que mantinha Jim ao seu serviço quando era sabido que ele era um incompetente. “Lembra-te, respondeu o patrão, que “tens de ter sempre alguém na equipa a quem pôr as culpas. É essa a função do JIM”.
São autocratas e não gostam de trabalhar, não planeiam o seu trabalho, têm falta de visão estratégica e vivem obcecados por títulos académicos
Avessos a inovações e riscos
Ignorantes, mal informados, sem a mínima formação cultural.
As empresas não são organizadas nem eficientes
Salários significativamente acima da média europeia
Os estrangeiros classificam-nos como autocratas, desorganizados, com falta de visão estratégica, demasiado formais e obcecados por títulos académicos.
Há muito boa gente a trabalhar para uma quantidade de idiotas, analfabetos, a quem o dinheiro, uma cunha permitiu chegar a um lugar de direcção.
A eficácia empresarial portuguesa está sempre em último lugar num qualquer ranking de países e regiões que pela Europa se faça.»
O
regresso às trevas.
Aquilo
que se diz presidente dos Estados Unidos, continua as suas campanhas de ódio e
loucuras infernais.
Mantém
na agenda a ocupação da Gronelândia que é território dinamarquês.
José
Pacheco Pereira pergunta, hoje, no Público:
Tempo para ir
buscar um velho vinil da Marianne, em que a primeira canção do lado 2 é «Ballad
of Lucy Jordan», o sol da manhã a tocar, no seu quarto branco, na cidade
suburbana branca, levemente os olhos de Lucy Jordan, uma canção que, não por
acaso, acompanha as loucuras de Susan Sarandon e Geena Davis em «Thelma &
Louise», filme de Ridley Scott.
E voltar a KeithRichards e as suas memórias com Marianne:
«Só depois disso chegaram os dois a Tânger, acompanhados da Marianne, que ia
ter com o Mick a Marraquexe. O Brian estava tão combalido que a Anita e a
Marianne, qual competentes enfermeiras, tiveram a brilhante ideia de lhe dar
ácido no avião, para ver se ele arrebitava. Elas próprias acabavam de passar
uma noite em branco e a ácido. Quando finalmente chegaram a Tânger, um
incidente junto à loja do Ahmed instalou o pânico. O sari da Marianne (única
peça de roupa que trazia vestida) ficou preso algures e desenrolou-se,
deixando-a subitamente nua no casbá.»
A Estratégia do Cinismo seguida de O Jantar do Comissário
Carlos Coutinho
Prefácio: Luís
Francisco Rebello
Capa: José
Araújo
Editorial
Caminho, Lisboa, Maio de 1977
Descobri que um galão e uma bola-de-berlim nos podem dar
a sensação de bem almoçados. O leite representa sempre uma ilusão de proteínas
e vitaminas. O café funciona como estimulante. E a bola-de-berlim incha no
estômago que é uma coisa espantosa. A gente come aquele carolo de farinha e açúcar
e bebe o galão
bem quentinho. Dez minutos depois, parece que temos um
tijolo no estômago. Sentimo-nos empanturrados, como depois dum grande banquete.
O
governo, pela voz de Paulo Rangel. ministro dos negócios estrangeiros, volta
a recusar reconhecer o Estado da Palestina, «por falta de oportunidade»
Que dizer???!!!
As Tears Go By – Come And Stay With Me – Scarborough Fair – Monday, Monday –
Yesterday – The Last Thing On My Mind – This Little Bird – Something Better –
In My Time Of Sorrow – Is This What I Get For Loving You? – Tomorrow’s Calling
– Reason to Believe – Sister Morphine – Go Away From My World – Summer Nights
Incondicional que é de Marianne Faithfull, tentou encontrar o vinil mas saíu-lhe
o CD.
Se bem que muito contrariado, não se fez rogado. Um best de
Marianne, que tem canções de Jagger e Richards, Lennon e McCartney, Tom Paxton,
Tim Hardin, fora os outros, é uma benção dos céus, seja lá o que isso for.
Depois olha-se a fotografia da capa e dá para concluir que o dia está ganho e
lembrar outras histórias.
Keith Richards lamenta-se na sua «Life» que elas iam todas chorar no seu ombro
quando descobriam que o Jagger andava a comer fora.
Que há-de um homem fazer?
Por uma noite, «quem foi ao mar perdeu o lugar», Keith perdeu-se a contar
outras músicas a Marianne.
Eis senão quando os dois ouvem o carro de Mick Jagger chegar.
«Grande alvoroço, pego nos sapatos e salto janela fora para o jardim. Tinha-me
esquecido das meias! Mas o Mick também não era gajo para se pôr à procura de
meias. E assim ficámos com uma piada para sempre – ainda hoje, a Marianne me
diz: «Ainda não consegui encontrar as tuas meias!»
Passei o rio que tornou atrás,
se acaso é certo o que Camões nos diz,
em cuja ponte um bando de aguazis
registam tudo quanto a gente traz.
Segue-se um largo. Em frente dele jaz
longa fileira de baiúcas vis.
Cigarro aceso, fumo no nariz,
é como a companhia ali se faz.
A cidade por dentro é fraca rês;
as moças põem mantilhas e andam sós,
têm boa cara, mas não têm bons pés.
Isto, coifas de prata e de retrós,
e a cada canto um sórdido marquês,
foi tudo quanto vi em Badajoz.
Nicolau
Tolentino em Sátiras
Transformou-se, para além do cinema, num dos mais prestigiados produtores vinícolas da Califórnia. No universo de Coppola, nada é exterior à família, tudo tem a ver com a família. Assim, por exemplo, um dos seus vinhos recebeu o nome da filha, a também cineasta Sofia Coppola (Lost in Translation): o Sofia Blanc de Blancs começou como "uma prenda de um pai para a sua filha". Mas há também o Sofia Rosé, ou seja, um "tributo ao espírito romântico e exuberante das mulheres de toda a parte." Estas palavras estão no site pessoal do cineasta, "Francis Ford Coppola presents" (ffcpresents.com), um primor de sobriedade informativa e elegância gráfica. É um site em que os temas dominantes têm a ver com a produção de vinhos e alimentos. É verdade: Coppola produz, por exemplo, uma gama de molhos com sabores genuinamente italianos (arrabbiata, pomodoro basilico, puttanesca, etc.), todos eles devidamente "provados e testados por Francis e sua mulher, Eleanor.»
Recorte do Diário
de Notícias s/d
Lido,
hoje, no Diário de Notícias:
«Confrontos físicos
entre Odair Moniz e os dois agentes da PSP, que incluíram agressões mútuas, com
uso de bastões por parte dos polícias e de força física de Odair, são descritos
exaustivamente no despacho do Ministério Público em que o agente que matou o
cabo-verdiano é acusado de homicídio com dolo eventual (quando o autor não tem
a intenção direta de causar a morte da vítima, mas assume o risco de produzir esse
resultado ao realizar uma conduta perigosa).
Outro facto registado
pelo Ministério Público é que Odair não empunhou nenhuma faca no confronto com o agente no momento
que antecedeu ao disparo fatal, ao contrário do que foi assumido oficialmente
pela PSP no comunicado enviado à imprensa no dia da morte.»
Mar Morto
Jorge Amado
Colecção Livros
de Bolso Europa-América nº 6
Publicações Europa- América, Abril de 1971
Agora eu quero contar as histórias da beira do cais da
Bahia. Os velhos marinheiros que remendam velas, os mestres de saveiros, os
pretos tatuados, os malandros, sabem essas histórias e essas canções. Eu as
ouvi nas noites de lua no cais do mercado, nas feiras, nos pequenos portos do
Recôncavos, junto aos enormes navios suecos nas pontes de Ilhéus. 0 povo de
Iemanjá tem muito que contar. Vinde ouvir essas histórias e essas canções.
Vinde ouvir a história de Guma e de Lívia, que é a história da vida e do amor
no mar. E se ela não vos parecer bela a culpa não é dos homem rudes que a
narram. É que a ouvistes da boca de um homem da terra, e dificilmente um homem
da terra entende o coração dos marinheiros. Mesmo quando esse homem ama essas
histórias e essas canções e vai às festas de D. Janaína, mesmo assim ele não
conhece todos os segredos do mar. Pois o mar é mistério que nem os velhos
marinheiros entendem.
António Gedeão
de Teatro do Mundo em Poesias Completas
Paul Lynch, escritor
Legenda: pintura de Leonid Afremov
«São assim os labirintos, têm ruas, travessas e becos sem saída, há quem diga que a mais segura maneira de sair deles é ir andando e virando sempre para o mesmo lado, mas isso, como temos obrigação de saber, é contrário à natureza humana.»
José
Saramago em O Ano da Morte de Ricardo Reis
De acordo com os dados
oficiais da PSP, em 2024 foram participados pouco mais de 28 mil crimes, o
terceiro número mais baixo desde 2014, só superado pelos dois anos da pandemia,
2020 e 2021.
Os números não agradaram
a Carlos Moedas que, quase em fim de mandato, ainda não interiorizou que é presidente da
Câmara de Lisboa e mantém a capital num estado de sujidade a tocar as raias do
completo estado de degradação, porventura nem sequer visto numa qualquer terreola perdida nos confins africanos.
Claro que a segurança é importantíssima, mas está mais dentro das funções e preocupações governamentais, do que camarárias.
Abre os olhos, Moedas!
Menina e Moça ou Saudades
Bernardim
Ribeiro
Selecção,
fixação do texto, introdução, notas e glossário: J.G. Herculano de Carvalho
Colecção
Literária Atlântida
Atlântida
Editora, Coimbra, 1960
Menina e moça me levaram de casa de minha mai para muito longe. Que causa fosse então a daquela minha levada, era ainda pequena, não a soube. Agora não lhe ponho outra, senão que parece que já então havia de ser o que depois foi. Vivi ali tanto tempo quanto foi necessário para não poder viver em outra parte. Muito contente fui em aquela terra, mas, coitada de mim, que em breve espaço se mudou tudo aquilo que em longo tempo se buscou e para longo tempo se buscava. Grande desaventura foi a que me fez ser triste ou, per aventura, a que me fez ser leda. Depois que eu vi tantas cousas trocadas por outras, e o prazer feito mágoa maior, a tanta tristeza cheguei que mais me pesava do bem que tive, que do mal que tinha. Escolhi para meu contentamento (se antre tristezas e cuidados há hi algum) vir-me viver a este monte onde o lugar e a míngua da conversação da gente fosse como já para meu cuidado cumpria, porque grande erro fora, depois de tantos nojos quantos eu com estes meus olhos vi, aventurar-me ainda a esperar do mundo o descanso que ele não deu a ninguém. Estando eu aqui só, tão longe de toda a gente e de mim ainda mais longe, donde não vejo senão serras que se não mudam, de um cabo, nunca, e do outro águas do mar que nunca estão quedas, onde cuidava eu já que esquecia à desaventura, por que ela e depois eu, a todo poder que ambas podémos, não leixámos em mim nada em que pudesse achar lugar nova mágoa; antes tudo havia muito tempo, como há, que é povoado de tristezas, e com razão. Mas parece que das desaventuras há mudança para outras desaventuras, que do bem não a havia para outro bem. E foi assi que, por caso estranho, fui levada em parte onde me foram diante meus olhos apresentadas em cousa alheas todas as minhas angústias, e o meu sentido d’ ouvir não ficou sem a sua parte de dor.
estava nua, só um colar lhe
dava
horizontes de incêndio sobre o peito,
a transmutar, num halo insatisfeito,
a rosa de rubis em quente lava.
estava nua e branca num estreito
lençol que o fim do sono desdobrava
e a noite era mais livre e a lua escrava
e o mais breve pretérito imperfeito
só o tempo verbal lhe fugiria,
no alongar dos gestos e requebros,
junto do espelho quando as aves vão.
toda a nudez, toda a nudez, toda a melancolia
a dor no mundo, a deslembrança, a febre, os
olhos rasos de água e solidão
Vasco Graça Moura
Os meus pais sempre
foram da opinião de que o calor fomenta a dissolução dos costumes entre os
jovens – disse Emily – Menos roupa, mais lugares para encontros. Fora de
portas, fora de controlo. A vossa avó não ficava nada descansada no Verão.
Inventava mil razões para me obrigar a mim e às minhas irmãs a ficarmos em
casa.
Ian
McEwan em Expiação
É de muito mau gosto e revela um espírito mal formado procurar explicitar certas expressões consagradas. Os leitores sabem o que elas significam e o jornalista não deve passar um atestado de menoridade à inteligência dos leitores. Só jornalistas associais, inadaptados, anarquistas, bolchevistas e congéneres não respeitam as convenções linguísticas estabelecidas. Toda a gente sabe que quando um político diz que «vai ser nomeada uma Comissão de Inquérito» isso significa «O assunto vai ser abafado». É inoportuno e manifesta enorme falta de experiência e de educação perguntar-lhe: «Isso significa que o assunto vai ser abafado?». Se tal sucedesse o político deveria responder-lhe: Não faço comentários, que significa, como toda a gente sabe, «acertou em cheio!». Não deveria todavia o jornalista, sob pena de ficar o resto da vida a redigir a Necrologia, insistir: «Isso significa que acertei em cheio?». Do mesmo modo, quando um político diz que «quenão está agarrado ao lugar», apesar de toda a gente saber que isso quer dizer «daqui não saio, daqui ninguém me tira!», não é conveniente o jornalista perguntar-lhe mais nada sobre o assunto que eventualmente possa forçar o homem a expressar melhor o seu pensamento.
Manuel António Pina de uma crónica no Jornal de Notícias de 12 de Dezembro de 1987 em OAnacronista
Hélia
Correia em A Casa Eterna
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte,
está em Portugal para convencer o Governo a cortar nos dinheiros da saúde,
pensões de reformas e outros apoios sociais, para investir em armamento. Quer
retirar dinheiro a quem precisa e alimentar a banca, as multinacionais, quem
tem milhões nos paraísos fiscais e todos os que andam a encher os bolsos à custa
da guerra.
Copiado de Abril, Abril
Este
livro com crónicas de Manuel Vásquez Montalbán, publicadas em jornais espanhóis
durante os primeiros meses do nosso 25 de Abril, é, obviamente, um livro datado
mas nunca, apesar do tempo decorrido, inútil.
Faz-nos
lembrar acontecimentos, alguns desconhecidos, outros que não esqueceram, mas que
ficaram perdidos num qualquer canto da memória.
Para além disso há o humor, a inteligência, de Manuel Vásquez Montalbán que o torna digno de leitura.
Por Enquanto, O Povo Unido Ainda Não Foi Vencido
Manuel Vasquez
Montalbán
Selecção,
organização e tradução: Rita Luís
Posfácio:
Francesc Salgado
Capa: V. Tavares
Edições Tinta-da-China,
Lisboa, Junho de 2024
Mário Soares iniciou o seu périplo europeu em Roma, como convidado de honra na homenagem mundial de Dolores Ibárruri, La Passionaria. Estava na tribuna e levantou o punho esquerdo, que é o punho levantado pelos socialistas; os comunistas, que são casmurros, peculiares e reformistas, levantam o punho direito só para chatear. Pois bem, Soares esteve com La Passionaria e depois conversou com comunistas espanhóis e italianos e com socialistas espanhóis, italianos e alemães. Falou também com Calvo Serer, outro dos surpreendentes assistentes que presidiram à homenagem a Ibárruri. Soares queria favorecer uma imagem esquerdista deteriorada pela luta contra o «cunhalismo» que, segundo ele, é uma doença senil do comunismo e que, segundo nós, é o que quer que soe, e a ti encontro-te na rua.
Uma
a uma cortei
do
malmequer
as
pétalas macias
não
pra saber
se
bem ou mal me queres
mas
pra sentir nos dedos
a
seda do teu corpo.
Edgar
Carneiro
Tem de haver uma visão circulatória do
estuário do Tejo, em que se possa ir de Almada para o Seixal, do Seixal para o
Barreiro, do Barreiro para o Montijo. É esta metrópole que anda à volta da água
que tem de se chamar Lisboa.
Ricardo Bak Gordon, arquitecto
O Homem Esse Desconhecido
Alexis Carrel
Tradução: Adolfo
Casais Monteiro
Editora Educação Nacional, Porto s/d
Pela primeira vez na história do mundo, uma civilização, ao atingir o começo do seu declínio, pode discernir as causas da sua doença. Talvez saiba servir-se desse saber, e evitar, graças à maravilhosa força da ciência, o destino comum a todos os grandes povos do passado. O nosso destino está nas nossas mãos. Precisamos de seguir avante pelo novo caminho.
- Estás satisfeito com «Branca de Neve»?
- Estou. Quer dizer, estou na medida em que é possível estar satisfeito por fazer filmes. Penso que não é motivo de satisfação para ninguém. Eu fico satisfeito quando como uma perna de cabrito, com filmes não. Digamos que o filme não me envergonha.
Entrevista de João César Monteiro a Diogo Lopes em João César Monteiro, catálogo da Cinemateca.
Amar-te é vir de longe,
descer o rio verde atrás de ti,
abrir os braços longos desde os sete
anos sob a latada ao pé do largo,
guardar o cheiro a figos vistos lá,
a olho nu, ao pé, ao pé de ti,
parar a beber água numa fonte,
um acaso perdido no caminho
onde os vimes me roçam a memória
e te anunciam mãos e te perfazem;
como se o sino à hora de tocar
já fosse o tempo todo badalado,
e a tua boca se abrisse atrás do tojo,
e abaixo dos calções as pernas nuas
se rasgassem só para o pequeno sangue,
tal o pequeno preço que me pedes.
Atrás da curva estavas, és, serias,
nos muros de granito, nas amoras.
Amar-te era lembrança e profecias,
uma porta já feita para abrir,
e encontrar o lar ou música lavada
onde, se nasces, vives, duras, moras
— meu nome exacto e pão
no chão das alegrias.
Pedro Tamen de Escrito de Memória em Tábua das Matérias
David
Lynch morreu. Tinha 78 anos.
Em
2024 fora-lhe diagnosticado um enfisema pulmonar causado talvez por cem mil
cigarros, toda uma vida agarrada ao tabaco e ao fumo. Fire walk with me! Em
Agosto passado, quando publicou aquele que ficará como o seu derradeiro disco, Cellophane
Memories, o realizador norte-americano anunciara numa entrevista à revista Sight
& Sound que não conseguia atravessar uma sala, quanto mais sair de sua casa
para filmar e dar grandes caminhadas, porque ficava sem oxigénio. Só poderia
trabalhar à distância, por controlo remoto. Mas não se retiraria, reiterou; e
assim apaziguou os fãs.
Agora
com a morte de Lynch passou a ler-se:
«Há um grande buraco no
mundo agora que ele não está connosco.»
Mas,
se pudesse, o cineasta responderia;
«Atenção ao donut e não ao buraco.»
1.
Um qualquer
ministro israelita disse que aos palestinos só serão consentidas duas
alternativas: ou emigram ou ser-lhes-ão cortados os meios de subsistência, bem
como qualquer assistência médica.
Tudo isto «porque toda a Palestina foi dada por Deus ao povo judeu!»
2.
«Os cães eram mais felizes no tempo em que andavam abandonados e se protegiam da chuva debaixo da silvas, comendo o que encontravam ou caçavam. Eram Livres.»
Isabela Figueiredo no Expresso
3.
Nasceram menos
1.133 bebés no ano passado.
4.
Portugal é o país onde 60% da população não lê um livro.
5.
Segundo o Diário de Notícias, todas as sextas-feiras são Big Bottle Day no JNcQUOI Avenida, em Lisboa. Na última sexta-feira um copo de vinho tinto Barca Velha de 2025 custava 155,00 euros.
6.
Cerca de dois milhões de portugueses vivem no limiar da pobreza, dos quais cerca de 500 mil pensionistas que recebem perto de 500 euros por mês. Portugal tem o segundo pior desempenho da UE
7.
«Entre todos os lubrificantes desta ignorância agressiva o primeiro é o
deslumbramento tecnológico, a ideia de que basta saber meia dúzia de operações
num telemóvel, fazer procuras rudimentares na rede, e ler e escrever mensagens
mais ou menos guturais, para não precisar de comprar jornais, ver qualquer
coisa que demore mais de uma meia dúzia de minutos, e isso significa ser
“moderno”. O segundo lubrificante é um falso igualitarismo: eu não preciso
saber nada sobre o tempo, para me pronunciar sobre as alterações climáticas. A
democracia e a ignorância agressiva
A capacidade de distinguir entre a verdade e a mentira (seja lá o que for a
verdade, mas ela existe como procura), desaparece numa selva que coloca a
conspiração ao nível do saber e por isso faz com muita eficácia escravos
públicos dos demagogos e privados dos que fazem os algoritmos ou “plantam”
estrategicamente “informações” para alimentar a vossa fome de distração e de
fúria, ou seja, entre Trump e Putin.»
José Pacheco Pereira no Público de 11 de Janeiro.
Legenda:
pormenor da capa do Público de 17 de Janeiro.
Pat Boone é um cantor do meu tempo, tempos de Paul Anka e Elvis Presley também outros.
Nasceu em Jaksonville
no dia 1 de Junho de 1934 e ainda está vivo.
A rapaziada do
meu tempo não simpatizava muito com ele e nunca percebi porquê e também nunca
preocupei com isso.
A canção Dear John, que hoje vos trago pela manhã, conheci-a através do Pat Boone e é uma velha canção country (1953) cantada em dueto por Jean Shepard e Ferlin Husky.
Seguem as duas
versões e também um velho papel rabiscado em 18 de Janeiro de 2008:
Jorge Silva Melo a páginas 226 do seu “Século Passado”, escreve: “Foi passando a vida, fomos deixando o Saldanha e agora olho
para aquela praça quando por ela passo e pergunto-me se estou em Lisboa, se
ainda este sítio é meu, tão meu, tão íntimo que foi. (…)
"Mas dão-me saudades fundas, apetecia-me ver o cartaz do “Exodus” subir,
desenhado com perícia no atelier do Dongrie de Carvalho lá de cima do Monumental.
O cartaz do filme do Otto Premeinger não o tenho, mas tenho o tema do filme
cantado pelo Pat Boone num “EP” London LES 545, também “Made in Portugal”.
Os títulos das canções estão em português: “Canção do Filme Exodus, “Esta Noite
Há Luar”, “Querido João”, “Alabama”.
Vladimir Nabokov
Tradução: Telma
Costa
Capa: Maria
Manuel Lacerda
Editorial Teorema, Lisboa, Agosto de 2010
Para meu mal, o meu conto degenera em diário, Mas não há nada a fazer; pois habituei-me de tal modo a escrever, que agora não sou capaz de desistir. Um diário, admito é a mais baixa forma de literatura.O livro que o Público
de hoje publica, pelo preço de 11,90 euros, integrado na colecção «25 de Abril:
os dias da Revolução é um documento
notável.
Um longo desfile
de fotografias que se estendem desde o 5 de Outubro de 1910 a 1 de Maio de 1974.
Cerca de 500 documentos fotográficos, e alguns mais que, no livro, por necessidade editorial se suprimiram, fizeram parte de uma exposição fotográfica que esteve, durante cerca de um mês, patente ao público, em Lisboa, aquando das comemorações do 25 de Abril realizadas em 1977.
Da Resistência à Libertação
Capa: Sérgio
Guimarães
Colecção: 25 de Abril,
Os Dias da Revolução nº 3
Edição Fac-simile Editora Mil Dias/Jornal Público, Lisboa, Janeiro de 2025
A imagem continua a ser a linguagem mais fácil da
memória.
Recordar, através dos olhos, é estabelecer um diálogo
connosco e com os acontecimentos que, diferentemente do diálogo com a palavra,
nos transmite, mais que criatividade imaginativa, a sensação física de termos
estado neles e donde resulta uma necessidade reflexiva de negação ou aceitação
da realidade experimentada, o que torna o acto de recordar, vivo.
O livro que está agora nas mãos do leitor (aquele que
vê) vai-lhe fazer chegar à memória, para além de factos, figuras e
acontecimentos que não presenciou ou não viveu, uma grande soma de realidades a
que ele, leitor, inflectiu o sentido com a sua intervenção.
Vamos estar perante um alucinante filme do tempo mais perto de nós. Neste filme, todos fomos protagonistas; deste filme continuamos a fazer parte, olhar esta obra, agora, sessenta, quarenta, vinte, dez, três anos mais tarde terá de nos trazer a exaltação interior de sabermos que, no destino português deste século, uns durante mais tempo ou com maior relevância que outros, todos fomos-somos responsáveis.
Do prefácio de Orlando
Neves
Esta á a pintura de Caspar David Friedich que o João Pacheco utiliza no texto do Expresso para referir a Exposição que o pintor terá patente de 8 de Fevereiro a 11 de Maio no Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque.
O
recorte pertence a um texto que o João Pacheco publicou no Expresso de
10 de Janeiro.
Eugénio de Andrade
Legenda: Eugénio de Andrade
As Torres Milenárias
Urbano Tavares
Rodrigues
Capa: Henrique
Ruivo
Livraria Bertrand, Lisboa, 1971
A vossa vida é uma afronta para as pessoas que trabalham
e sofrem, que se desunham para pagar a renda da casa, para poderem comer, e mal,
que a vida está cada vez pior, e que até se esquecem do sexo, de tão cansadas
que andam… Em suma, os oitenta ou noventa por cento das pessoas que trabalham…
para vocês e outros como vocês fazerem frases… jogarem… os vossos jogos…
Sejamos claros: o problema não é o que Elon Musk escreve no X: o problema são os cheques que ele depois passa quando vai para casa. Sem cifrões – palavra que foi perdendo crédito entre nós após a conversão de Portugal ao euro – os pontos de vista de Musk não teriam sequer cotação na bolsa de valores da opinião pública. E, sim, até onde a minha vista alcança, nunca como hoje foi tão absolutamente visível que money makes the world go round, de resto um facto bastante anterior ao dueto de Liza Minnelli e Joel Grey em 1972 no Cabaret de Bob Fosse. Em 1914, o norte-americano de origem alemã, Adolf Philipp, um nome então bem conhecido da Broadway, compôs canção de título idêntico para a comédia musical Two Lots in the Bronx e, sem nos desviarmos do tema, recorde-se que o primeiro volume de O Capital de Marx foi publicado ainda antes, em 1867. Há mais de 150 anos que andamos à volta do mesmo.
Parecer actual e irrefutável: os ricos estão a ganhar! E nem o mais pobre de entre nós ousará dizer o contrário.
Da crónica de
Ana Cristina Leonardo no Público de 10 de Janeiro.
«Quando o proprietário de fábrica ou o grande proprietário de terras tem ideias políticas e é de direita, isso compreende-se imediatamente considerando os seus interesses económicos imediatos. Quando o operário de fábrica tem uma orientação política de esquerda isso é também muito racional e consequente e tem raíz na sua posição económica e social na empresa. Mas quando operários, empregados ou funcionários têm uma orientação política de direita, isso acontece na maior parte dos casos por falta de lucidez política, ou seja, por ignorância da sua posição social. Quanto mais se mostrar apolítico alguém que faça parte da grande massa dos trabalhadores mais será facilmente receptivo à ideologia da reacção política. Ora esse apolitismo não é, como se julga, algo como um estado psíquico de passividade, é um comportamento inteiramente activo, uma defesa contra a consciência política.»
Wilhelm Reich,
copiado daqui.
Aqui não há nada, Cibele,
a não ser uma alameda estreita
com renques de flores à esquerda e à direita.
As flores são daquelas que eu não gosto, Cibele.
Pretensiosas.
Zinias, dálias, crisântemos, margaridas e rosas.
As flores de que eu gosto são das que ninguém planta nem semeia,
daquelas que a gente passa e diz: “Olhe, faz-me favor.
Sabe-me dizer como se chama esta flor?”
Não gosto delas, não,
mas à falta de melhor, Cibele,
é nelas que cevo a minha solidão.
Todas as manhãs quando aqui passo para as ver
acaricio-as á flor da pele
e balbucio as palavras que ficaram por dizer.
Assim se vai passando o tempo, Cibele.
António Gedeão
de Linhas de Força em Obra Completa
Cavatina
Horácio Tavares de Carvalho
Capa: Antunes
Círculo de Leitores, Lisboa, Maio de 1983
- Em que pensas, Sheila?
- Estou a «ouvir» o silêncio.
- O silêncio ouve-se?...
- Sempre se ouviu, mas são poucos os ouvidos eleitos.
- De que planeta vieste tu?
- De um planeta que está a milhares de anos-luz da Terra.
Uma viagem demorada?...
- Apenas alguns minutos.
- Como é o teu planeta?
- Não tem Inverno nem Verão, nem chuva nem neve. E somos todos
imortais.
a Maria Teresa Horta
Casa de sol onde os animais pensam
erguida nos ares com raízes na terra
ampla e pequena como um pagode
com salas nuas e baixas camas
casa de andorinhas e gatos nos sótãos
grande nau navegando imóvel
num mar de ócio e de nuvens brancas
com antigos ditados e flores picantes
com frescura de passado e pó de rebanhos
ó casa de sonos e silêncios tão longos
e de alegrias ruidosas e pães cheirosos
ó casa onde se dorme para se renascer
ó casa onde a pobreza resplende de fartura
onde a liberdade ri segura
António Ramos
Rosa em Obra Poética, Vol. I
WARNER BROS RECORDS - LP-S-65/47/48/49 - 1978
Quando o cerco é grande – olhem pela janela e vejam como ele aperta! – vai à
estante à cata de um vinil que lhe devolva um certo alívio, uma outra cor, que
não o cinzento, ou o negro.
Tropeçou na capa amarela dos The Band, The Last Waltz,o concerto
que, marcou a despedida de um grupo de rapazes que, estrada fora, andaram a
enfeitiçar gentes.
Um dia Bob Dylan deu-lhes a mão.
Ou foram eles que ajudaram Dylan a saltar para a outra margem?
Quem se importa agora com isso?
Pode ler-se na capa que este triplo álbum, mais o encarte, custou 915$00 (ao
cambio de hoje nem chega a cinco euros) e foi adquirido na Discoteca
Mitexa que, se a memória não o atraiçoa, ficava no Cento
Comercial Imaviz.
Um disco fabuloso que regista uma noite única, (25 de Novembro de 1976) precedida de jantar de Acção
de Graças, e em que gente de fino corte, decidiu homenagear uma banda que
marcou um tempo.
Ou todos os tempos?
Para além dos rapazes propriamente ditos, e entre outros, lá estiveram Neil
Young, Joni Mitchel, Dr. John, Eric Clapton, Van Morrison, Bob Dylan, Ringo
Sarr, Stephen Stills, Emmylou Harris e até Neil Diamond - quem diria? - mais o
seu casaquinho azul.
Deste concerto, Martin Scorsese fez um filme documentário que, para quem não o
viu numa sala de cinema, pode rectificar a lacuna, comprando, em qualquer
baiúca da cidade, o respectivo DVD.
Forever Young.
Em tempo – Quem
por lá andou, certamente se lembra que era com o instrumental de The Last
Waltz que o Mário Dias fechava as noites longas do Jamaica.
E que outros
tempos!...