quinta-feira, 10 de abril de 2025

NÃO VOLTAREMOS A PRSSENTIR O MAR

não voltaremos a pressentir o mar

nem sequer lembraremos o turvo sal das bocas

sobre o rosto gémeo da máscara que nos esconde

 

louco pássaro de cinza sulcando o ar rarefeito

e a escuma luminosa dos meteoros que cegam

os frementes alicerces da cidade insone

 

não nos reflectiremos mais nos gestos desgastos

nem na demência da língua donde irrompe a alba

e nómadas continuaremos para lá do sangue

flutuantes no escuro sonho

os corpos incendiados um no outro

consomem-se formando insuspeitas constelações

vagarosamente

através dos séculos regressaremos

intactos ao nada inicial

 

Al Berto de A Noite Progride Puxada à Sirga em O Medo

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