O Rosto de Deus
Ana Teresa
Pereira
Capa: Fernando
Mateus sobre pintura de Mark Rothko
Relógio d’Água, Junho de 1999
Eu sempre acreditara em Deus, talvez porque os meus
pais não tinham quaisquer convicções religiosas e me educaram num ateísmo
completo.
Para mim, os deuses estavam por todos os lados, nas
plantas, nos animais, nos livros, nos desenhos, nas músicas, nos sonhos. E
todos esses deuses eram pequenas partes de Deus, as flores que eu pintava, o
meu cão, as minhas noites de amor com os meus namorados. Mesmo respirar era
Deus, e as manhãs, claro, e as cores, e o crepúsculo, e o mar.
Mas naquele espaço senti a sua presença como nunca
sentira antes, no ar, no cheiro a flores mortas e a tinta, nos quadros que,
soube instintivamente, procuravam revelar o seu rosto... E então vi Tom.

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