terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
SARAMAGUEANDO
Um aperto de mão, gesto simples e geralmente usado sem grande significado. Apertamos a mão milhares de vezes durante a nossa existência, mas a grande maioria das vezes sem o significado que lhe deu origem, segundo alguns, remonta à pré-história. Certo é que começou por ser um sinal de confiança, os homens que habitualmente usavam armas, mostravam assim que estavam de mãos limpas, e com intenções amigáveis, e também por isto o gesto é marcadamente masculino, pois as mulheres não usavam armas. Nos meus tempos de Escoteiro aprendi, entre outras coisas, que o habitual aperto de mão usado pelos membros desta organização, que é feito com a mão esquerda, remonta aos tempos da cavalaria, em que se cumprimentava com a mão esquerda, antes das pelejas, por normalmente se segurar na direita a pesada lança, ou nos casos em que o objectivo era a paz, o aperto de mão era acompanhado com o erguer da mão direita vazia, para mostrar que se estava desarmado e com boas intenções. Entre o séc XVII e grande parte do séc. XX, o aperto de mão servia também para selar acordos, quer políticos quer de negócios, e no tempo em que os Homens eram honrados, este gesto, acompanhado da palavra de Honra, tinha mais significado do que qualquer tratado escrito. O aperto de mão foi se vulgarizando, conforme os Homens foram perdendo a Honra e os valores, tendo se transformado naquele acto mecânico e sem grande significado, que hoje é usado indiscriminadamente, apertando nós a mão a maioria das vezes sem que isso expresse qualquer tipo de sentimento.
Vem isto a propósito da foto aqui presente, o aperto de mão que se observa, é daqueles que expressa sentimento, um sentimento de admiração, da minha parte, por um grande Homem. Ao contrário da maioria, eu admiro mais o Saramago como ser humano, do que como escritor, e não é porque não o reconheça como um dos grandes escritores do Mundo, como atesta o seu Nobel, mas pela minha incapacidade enquanto leitor, para apreciar devidamente a sua escrita. O livro aí assinado, é o “Ensaio sobre a cegueira”, foi adquirido no momento, na Festa! Mas tanto o livro como o autógrafo, destinavam-se a oferta, para alguém que sempre fora admiradora do Escritor, muito antes da publicidade do Nobel. No entanto não deixa de ser emblemático, não só o local da compra, onde nos voltámos a cruzar noutros anos, como o próprio livro, onde no seu estilo próprio, José Saramago critica a falta de valores que se verifica nos nossos dias, é um livro bastante violento e difícil de ler. Mas a importância da sua mensagem, que para mim sempre foi a grande virtude do Nobel Português, mais preocupado com o que queria dizer, do que propriamente com a forma utilizada para o fazer, ao contrário do que acontece no presente com a maioria dos “Escritores Estrelas”, que conseguem preencher centenas de páginas com amontoados de palavras que no fim não nos transmitiram nada, e que não justificam as árvores abatidas para produção do papel desperdiçado com tão inúteis objectos. Infelizmente também isto é fruto da tal perda de valores na nossa sociedade, que fazem com que seja mais importante parecer do que ser, mas sobre isto falarei posteriormente.
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2 comentários:
bem-vindo, Jack!
Todos os começos são bonitos, mais ainda se são com José Saramago.
Um abraço
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