Um desses filmes publicitava os cigarros “Camel”. Como era do uso, tinha uma pequena história para levar a água ao seu moinho. Qual era a história? A de um pai de família particularmente irascível. Chegava a casa e desatava aos berros com a mulher e a distribuir bofetadas pelos filhos. Um dia caiu nele. Aquilo não era vida que se levasse. Abriu-se com um amigo. Este ouviu-o e perguntou-lhe: “Tu fumas?”
“Não”, respondeu o dos maus fígados. “Então experimenta estes cigarros (grande plano de um maço “Camel”) “e vais ver como essa irritabilidade te passa”. Cena seguinte: Casa do nosso homem. Maço de cigarros “Camel”. Esparreirado num “maple”, entre baforadas de fumo, afagava a mulher e beija os pequenos. Sorria, beatificamente. Uma voz “off” comandava: “Faça como ele. Fume “Camel.”
João Bénard da Costa em “Crónicas: Imagens Proféticas e Outras”, 2º volume, “Assírio & Alvim, Novembro 2010.
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