terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


Saramago foi um cinéfilo.

Nas conversas que manteve com João Céu e Silva, Saramago conta:

“Comecei a ir ao cinema tinha seis anos ou coisa que o valha. Importante aí em primeiro lugar é esse gosto pelo cinema, pelas personagens que eu ia conhecendo e que depois, de uma maneira inconsciente, acabo por estabelecer relações entre aquilo que se vai vendo e a realidade circundante.”

Em "As Pequenas Memórias" recorda o Royal, o Cine-Oriente e o Salão Lisboa:

“Entre a Penha de França, onde morávamos, e o liceu, no caminho que é hoje a Avenida General Roçadas e depois a Rua da Graça, havia dois cinemas, o Salão Oriente e o Royal Cine, e neles nos entretínhamos, eu e os colegas que moravam apara aqueles lados, a ver os cartazes expostos, como então era uso em todos os cinemas. A partir dessas poucas imagens, no total umas oito ou dez, armava eu ali mesmo uma completa história, com princípio, meio e fim, sem dúvida auxiliado na manobra mistificadora pelo precoce conhecimento da Sétima Arte que havia adquirido no tempo dourado do “Piolho” da Mouraria. Um pouco invejosos, os companheiros ouviam-me com atenção, faziam de vez em quando perguntas para aclarar alguma passagem duvidosa, e eu ia acumulando mentiras sobre mentiras, não muito longe já de acreditar que realmente tinha visto o que apenas estava inventando…”.

No catálogo da exposição "José Saramago: A Consistência dos Sonhos",pode consultar-se um apêndice onde estão relacionados os filmes que, entre 1976 e 1991, Saramago viu, anotações que constam das suas agendas pessoais.

Pegando nessa listagem, retiro alguns dos filmes que Saramago viu:

“Dia de Cão” e “O Veredicto” de Sydney Lumet, “Annie Hall”, Zelig”, “Ana e as Suas Irmãs” “A Rosa Púrpura do Cairo” e “Manhattan” de Woody Allen,  “Os Três Dias do Condor”, “A Calúnia” de Sydney Pollack, “A Greve” e “Outubro" de Sergei Eisenstein, “Buddy Buddy”, “Fédora” de Billy Wilder, “Don Giovani” de Joseph Losey, “A Cidade das Mulheres”, “Ensaio de Orquestra”, “Amarcord”, “E La Nave Va”  de Fellini, “Uns e Outros” de Claude Lelouch , “Reds” de Warren Beatty, “O Último Metro”, “Finalmente” de François Truffaut, “A Saudade de Veronica Voss”, “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant” de Rainer Werner Fassbinder, “A Tragédia de Um Homem Ridículo” de Bernardo Bertolucci, “Blade Runner” de Ridley Scott, “Paris Texas” e “Hammett” de Wim Wenders, “Ana” de António Reis, “Era Uma Vez na América” de Sergio Leone, “O Baile” de Ettore Scola, “A Raínha de Àfrica” e "Gente de Dublin" de John Huston.

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