Fotobiografia de José Gomes Ferreira
Raúl Hestnes Ferreira, Alexandre Vargas Ferreira
Capa de Fernando Rodrigues com foto de Armindo Cardoso
Publicações Dom Quixote
Lisboa, Novembro de 2001
Lembro-me do Zé Gomes em Galamares. Lembro-me dele no Bocage. Lembro-me dele no Monte Carlo. Em Albarraque. Em casas várias que chegavam a parecer o mundo todo – em casa dele, do Carlos, do Cochofel, do Mário. Lembro-me muito dele. E prefiro relê-lo nas edições da Portugália. Cresci a ler poemas do Zé Gomes, em voz baixa e voz alta, a “copiá-los”, a “passá-los”, a “transferi-los”, a “reproduzi-los, e até a ensiná-los” /que coisa absurda!...).
Cresci a cantá-los, com a boca cheia do gosto das palavras censuradas e o entusiasmo das práticas proibidas: no céu e na canção, havia mesmo estrelas vermelhas, o vermelho era mesmo a cora das papoilas e da “nossa” bandeira o que as palavras impressas nas “Marchas, Danças e Canções” tinham tido que mascarar…
Cresci a passar a memória das “Vozes ao Alto” e a contrariar os lugares comuns que, com o tempo, se vão instalando: não é ao “som” desta canção, é ao “sol” desta canção.
(Do depoimento de Eduarda Dionísio).
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