Comovo-me cada vez que entro numa casa e vejo livros.
Nunca consigo explicar esta sensação, nem colocá-la por escrito.
Ao olhar esta estante, no solar do Luís, em Pinheiro de Lafões, lembrei-me do começo de um poema do António Gedeão, não sei poemas de cor mas tenho as suas memórias:
“A terra de meu pai era pequena
e os transportes difíceis.
Não havia comboios, nem automóveis, nem aviões
nem mísseis.
Corria branda a noite e a vida era serena.”
Nesta estante estão os livros da “Colecção Argonauta”, pertença do pai do Luís que os leu, os amou e não é difícil imaginá-lo, a quietude da casa, o prazer da leitura e, em fundo, talvez a correria, as vozes dos filhos., talvez ainda a chuva a bater nos vidros da janela, a leitura acompanhada de uma chávena de chá.
O tempo em que corria branda a noite e a vida era serena.
Um dia, numa casa que tivemos em Almoçageme, o Manuel Luís, ao descer as escadas do sótão, disse:
- Cheira a romances policiais.
Os livros têm cheiro?
Têm.
Como escreveu Jorge Listopad: “O livro cheirava a papel fresco que eu gosto, como o pão ainda quente do padeiro.”
Maria do Rosário Pedreira tem um belíssimo livro de poema a que chamou “A Casa e o Cheiro dos Livros”
1 comentário:
Obrigado, companheiro!
LT
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