domingo, 10 de novembro de 2013

OLHAR AS CAPAS


Os Nus e os Mortos

Nornam Mailer
Tradução: António Neves Pedro
Círculo de Leitores, Lisboa s/d

SOBRE AQUILO QUE FAREMOS QUANDO SAIRMOS

RED – Levar a mês a mesma chatice de vida que sempre levei. Pois que outra coisa há?
BROWN – Quando chegarmos a Frisco vou receber as massas e apanhar a maior bebedeira que se viu naquela cidade, e depois junto os trapos com uma tipa qualquer, e nada mais faço se não beber durante duas semanas inteirinhas, e depois vou andando devagarinho até Kansas, parando onde me der na gana, e vou à procura da minha mulher, sem ela saber que estou a chegar e faço-lhe uma grande surpresa, trazendo testemunhas comigo, e vou mostrar àquela gente como se trata uma cabra quando um homem anda para aqui desterrado sabe Deus quanto tempo, sem saber quando é que vai apanhar uma ameixa, sempre à espera a suar e a chegar  a conclusões a respeito de si próprio que, palavra de honra, era melhor que um homem ignorasse.
GALLAGHER – Tudo o que sei é que esta espiga tem de ser paga, alguém há-de pagar isto tudo, hei-de arrombar a pinha dos chibatos dos civis.
GLDSTEIN – Oh, estou mesmo a ver, quando chegar a casa. Chego lá de manhã cedo, apanho um táxia na estação central e vou direitinho a nossa casa, em Flatbush, depois subo as escadas, toco à campainha, e a Natalie vai ficar a pensar quem será a essa hora, e vem até à porta. E abre a porta… Não sei, ainda falta tanto tempo.
MARTINEZ – San Antonio, ver a família talvez. Passear um bocado, bonitas  moças mexicanas em San Antonio, grande maço de notas, fitas das condecorações, ir até à igreja, matei muitos estupores de japoneses. Não sei, voltar a listar-me, a tropa é uma trampa mas a tropa é okey. Pagam bem.
MINETTA – Vou ter com todos os safardanas dos oficiais que encontrar fardados e chamar-lhe bilontras a todos mesmo ali na Broadway, e vou pôr a limpo o que é a trampa da tropa.
CROFT – Pensar nisso é perder tempo. Esta guerra ainda vai durar.

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