quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


Sala cheia na antestreia do filme Até Amanhã, camarada no salão nobre da Assembleia da República. O filme, protagonizado por 140 actores e milhares de figurantes, é baseado no romance com o mesmo título da autoria de Manuel Tiago, pseudónimo que Álvaro Cunhal assumiu publicamente em 1994.

Realizada por Joaquim Leitão e produzida por Tino Navarro, a adaptação do manuscrito do romance que Álvaro Cunhal já trazia no bolso quando em 1960 fugiu de Peniche foi introduzida pelo deputado António Filipe.

“Se hoje chamamos à Assembleia da República a Casa da Democracia, devemo-lo às pessoas que deram a sua vida por ela”, declarou. “Não sei se lhe poderíamos chamar Casa da Democracia se não houvesse pessoas dispostas a dar a sua própria vida pela democracia”, reforçou António Filipe, não sem antes prestar uma homenagem ao histórico comunista de quem se comemora o centenário de nascimento no próximo domingo.

Ainda antes do início do filme, o produtor Tino Navarro deixou algumas palavras, “Muito obrigada por aqui estarem hoje, espero que ainda saiam daqui com mais força para o que vos espera lá fora”.

Em três horas, o filme, cujo argumento foi escrito pelo também realizador Luís Filipe Rocha, retrata a actuação e organização do PCP entre os anos 50 e os anos 60, a vida na clandestinidade, a resistência ao antigo regime, a tortura e a morte. É uma homenagem àqueles que contribuíram para tornar Portugal num país livre e conta a história de quatro militantes que reorganizaram a acção do PCP nos arredores de Lisboa e do Ribatejo.

A acção, que decorre no ano de 1944 e que tem por base o romance publicado pelas Edições Avante, já tinha sido descrita pelo escritor e jornalista, Urbano Tavares Rodrigues, como a “humanidade profunda na austeridade de quem entrega a sua vida à causa da libertação de um povo”.  Estão presentes os esforços de mobilização das massas para acções de protesto, a fome, as reuniões secretas, a vida na clandestinidade dos funcionários do partido, a distribuição do jornal Avante, a repressão e a perseguição. 

O filme de Joaquim Leitão foi em 2005 série televisiva na SIC. O realizador voltou a pegar nas imagens e adaptou-as ao grande ecrã, pelo que não há cenas nem imagens inéditas, há sim uma montagem e uma organização das cenas e dos planos de forma diferente.

Terminado o filme, ainda antes das luzes acenderem, o salão nobre da Assembleia da República aplaudiu em peso. “Um filme destes não se faz sem toda a equipa e todos os actores”, referiu o realizador Joaquim Leitão, ao chamar para a frente do salão todos os que participaram no filme e ali estiveram presentes.

Jerónimo de Sousa, Carlos Carvalhas, Bernardino Soares, João Oliveira, Miguel Tiago, Arménio Carlos, Maria Eugénia Cunhal, assim como outros militantes e históricos do Partido Comunista não deixaram de assistir à antestreia do filme de Joaquim Leitão que estreia nos cinemas portugueses no próximo dia 7 de Novembro.

Fonte: jornal Público.

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