Sala cheia na antestreia do filme Até Amanhã, camarada no salão nobre
da Assembleia da República. O filme, protagonizado por 140 actores e milhares
de figurantes, é baseado no romance com o mesmo título da autoria de Manuel
Tiago, pseudónimo que Álvaro Cunhal assumiu publicamente em 1994.
Realizada por Joaquim Leitão e produzida por Tino Navarro, a adaptação
do manuscrito do romance que Álvaro Cunhal já trazia no bolso quando em 1960
fugiu de Peniche foi introduzida pelo deputado António Filipe.
“Se hoje chamamos à Assembleia da República a Casa da Democracia,
devemo-lo às pessoas que deram a sua vida por ela”, declarou. “Não sei se lhe
poderíamos chamar Casa da Democracia se não houvesse pessoas dispostas a dar a
sua própria vida pela democracia”, reforçou António Filipe, não sem antes
prestar uma homenagem ao histórico comunista de quem se comemora o centenário
de nascimento no próximo domingo.
Ainda antes do início do filme, o produtor Tino Navarro deixou algumas
palavras, “Muito obrigada por aqui estarem hoje, espero que ainda saiam daqui
com mais força para o que vos espera lá fora”.
Em três horas, o filme, cujo argumento foi escrito pelo também
realizador Luís Filipe Rocha, retrata a actuação e organização do PCP entre os
anos 50 e os anos 60, a vida na clandestinidade, a resistência ao antigo
regime, a tortura e a morte. É uma homenagem àqueles que contribuíram para
tornar Portugal num país livre e conta a história de quatro militantes que
reorganizaram a acção do PCP nos arredores de Lisboa e do Ribatejo.
A acção, que decorre no ano de 1944 e que tem por base o romance
publicado pelas Edições Avante, já tinha sido descrita pelo escritor e
jornalista, Urbano Tavares Rodrigues, como a “humanidade profunda na
austeridade de quem entrega a sua vida à causa da libertação de um povo”.
Estão presentes os esforços de mobilização das massas para acções de protesto, a
fome, as reuniões secretas, a vida na clandestinidade dos funcionários do
partido, a distribuição do jornal Avante,
a repressão e a perseguição.
O filme de Joaquim Leitão foi em 2005 série televisiva na SIC. O
realizador voltou a pegar nas imagens e adaptou-as ao grande ecrã, pelo que não
há cenas nem imagens inéditas, há sim uma montagem e uma organização das cenas
e dos planos de forma diferente.
Terminado o filme, ainda antes das luzes acenderem, o salão nobre da
Assembleia da República aplaudiu em peso. “Um filme destes não se faz sem toda
a equipa e todos os actores”, referiu o realizador Joaquim Leitão, ao chamar
para a frente do salão todos os que participaram no filme e ali estiveram
presentes.
Jerónimo de Sousa, Carlos Carvalhas, Bernardino Soares, João Oliveira,
Miguel Tiago, Arménio Carlos, Maria Eugénia Cunhal, assim como outros
militantes e históricos do Partido Comunista não deixaram de assistir à
antestreia do filme de Joaquim Leitão que estreia nos cinemas portugueses no
próximo dia 7 de Novembro.
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