Oh, estou de partida meu grande amor
Parto pela manhã
Há alguma coisa que te possa mandar do outro lado do mar
Do local onde vou desembarcar?
Não, não há nada que me possas mandar, meu grande amor
Não há nada que deseje possuir
Somente que voltes para mim intacta
Do lado de lá desse oceano solitário
Oh, mas pensei que pudesses querer algo requintado
Feito de prata ou de ouro
Quer das montanhas de Madrid
Quer da costa de Barcelona
Oh, mas se tivesse as estrelas da noite mais escura
E os diamantes do oceano mais profundo
Renunciaria a todos eles em troca do teu beijo doce
Pois isso é tudo que desejo possuir
É que talvez esteja ausente muito tempo
E apenas isso te pergunto
Há algo que te possa mandar para me recordares
Para que o tempo te passe mais facilmente
Oh, como podes, como podes perguntar-me de novo
Isso só me traz mágoa
O mesmo que de ti quero hoje
Amanhã o desejaria de novo
Recebi uma carta num dia solitário enviada do seu barco no mar-alto
Dizendo não sei quando voltarei de novo
Depende como me sentir
Bem, se tu, meu amor, tens de pensar assim
Estou certo que a atua mente anda sem rumo
Estou seguro que o teu coração não está comigo
Mas com o país para onde vais
Por isso tem cuidado, tem cuidado com o vento do ocidente
Tem cuidado com o tempo tempestuoso
E sim há algo que me pode enviar
Botas espanholas de couro espanhol
Bob Dylan
Canção do
álbum The Times They Are A-Changin (1964)
Nota dos tradutores:
Boots of Spanish Leather é mais uma canção inspirada por Suze
Rotolo, a primeira namorada de Bob Dylan em Nova Iorque, Suze fotografada na
capa do álbum The Freewheelin’Bob Dylan e entrevistada no filme No
Direction Home, de Martin Scorsese, foi também fonte de inspiração para
outras canções de Dylan, tais como «Down the Highway», «Ballad
in Plain D» e «Simple Twist of Fate».
Bob Dylan em Canções Volume I (1962-1973)
Relógio D’Água, Lisboa Setembro de 2006
Legenda: pintura de Leona Oppenheimer
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