Aos 94 anos, num
hospital de Nova Iorque morreu Pete Seeger.
Uma tristeza sem fim
enrola-se por aqui e as palavras não saem, talvez por inúteis serem.
Partiu Pete Seeger
mas fica a fortíssima marca da sua presença neste mundo, em que trabalhou
imenso para manter viva a memória da riquíssima tradição da música popular norte-americana, bravamente lutou por um mundo
melhor esteve em todas as lutas de esquerda, fosse a luta pelos direitos civis
dos negros, fosse pela denúncia da poluição do Rio Hudson.
Woodie Guthrie tinha
escrito no seu banjo que «esta
máquina mata fascistas», no seu banjo Pete Seeger escreveu
«esta máquina cerca o ódio e
força-o a render-se».
Considero-me um
contador de histórias, por vezes um organizador. Não sou um bom
cantor. Não sou
particularmente bom a tocar banjo. Mas sou especialista em conseguir que uma
multidão cante comigo, e quando esta canta bem sinto-me feliz."
No dia dos seus 90
anos, a data foi celebrada com um grande no Madison Square Garden de Nova Iorque. Entre as dezenas de
músicos que estiveram presentes contaram-se Bruce Springsteen, Joan Baez, Eddie
Vedder, Arlo Guthrie, Ben Harper, Billy Bragg, Emmylou Harris, Ramblin' Jack
Elliott, Richie Havens, Roger McGuinn,
O cubano Sílvio
Rodrigues foi impedido de entrar nos Estados Unidos mas enviou a Seeger uma carta de saudação:
La Habana, 3 de mayo de 2009.
Admirado y querido Maestro Pete Seeger:
En estos momentos se está celebrando el concierto de homenaje que decenas de cantores justamente te ofrecen. Pasan por mi mente algunas de las veces que tuve el privilegio de disfrutar de tu talento seductor de multitudes. Así te recuerdo enLa Habana ,
cantando solidario junto al Grupo de Experimentación Sonora; así te recuerdo en
aquella gira dedicada a Víctor Jara, por varias ciudades de Italia; y así
también revivo aquella helada noche de febrero de 1980 en que respondiendo a tu
llamado viajamos desde Nueva York hasta Poughkeepsie y te escuchamos “Snow,
Snow”, obra maestra de quien se hizo preguntas ante un paisaje invernal.
Traté de volver a estar contigo hoy, pero, como bien sabes, no me dejaron llegar los que no quieren que los Estados Unidos y Cuba se junten, se canten, se hablen, se entiendan. Son los que piensan que el mundo se divide en poderosos y en débiles; los que sólo aprecian a los que son ricos y fuertes. Son los que no nos perdonan que aún siendo pequeños hayamos decidido vivir de pie. La realidad grita que cada vez deben ser menos estos brutos, pero de alguna forma esa minoría todavía impera y manda. Algunos de ellos vieron un peligro en que nos encontráramos y que un simple acto de fraternidad simbolizara a dos pueblos vecinos que pueden coincidir en canciones y afectos.
Pero no solo yo, querido Pete: todo mi digno y sin dudas mejorable país te admira, te respeta y celebra tus honorables nueve décadas defensoras de la justicia social, la paz y la cultura.
Aquí nadie te ve como un peligro sino como un extraordinario amigo que no nos dejan abrazar con la libertad que quisiéramos. Por eso, más que yo, toda esta Cuba que te quiere, bloqueada todavía por los abusadores, está a tu lado ahora cantando tu profética We Shall Overcome y nuestra martiana Guantanamera.
Un beso para Toshi y un fuerte abrazo para ti de
Admirado y querido Maestro Pete Seeger:
En estos momentos se está celebrando el concierto de homenaje que decenas de cantores justamente te ofrecen. Pasan por mi mente algunas de las veces que tuve el privilegio de disfrutar de tu talento seductor de multitudes. Así te recuerdo en
Traté de volver a estar contigo hoy, pero, como bien sabes, no me dejaron llegar los que no quieren que los Estados Unidos y Cuba se junten, se canten, se hablen, se entiendan. Son los que piensan que el mundo se divide en poderosos y en débiles; los que sólo aprecian a los que son ricos y fuertes. Son los que no nos perdonan que aún siendo pequeños hayamos decidido vivir de pie. La realidad grita que cada vez deben ser menos estos brutos, pero de alguna forma esa minoría todavía impera y manda. Algunos de ellos vieron un peligro en que nos encontráramos y que un simple acto de fraternidad simbolizara a dos pueblos vecinos que pueden coincidir en canciones y afectos.
Pero no solo yo, querido Pete: todo mi digno y sin dudas mejorable país te admira, te respeta y celebra tus honorables nueve décadas defensoras de la justicia social, la paz y la cultura.
Aquí nadie te ve como un peligro sino como un extraordinario amigo que no nos dejan abrazar con la libertad que quisiéramos. Por eso, más que yo, toda esta Cuba que te quiere, bloqueada todavía por los abusadores, está a tu lado ahora cantando tu profética We Shall Overcome y nuestra martiana Guantanamera.
Un beso para Toshi y un fuerte abrazo para ti de
Silvio Rodriguez
Escreve Ramón
Padilla em Canciones de Protesto del
Pueblo Norte Americano:
Por diversas vezes,
Pete Seeger foi sondado para vir cantar a Portugal, mais concretamente à Festa do Avante. Indisponibilidade
de datas não o permitiu.Mas em 2 de Dezembro de 1983 foi mesmo possível trazer
Pete Seeger a Lisboa.
Desse memorável
concerto foi feito registo sonoro que mais tarde seria publicado em disco. Uma
edição limitada de 3.000 exemplares numerados numa caixa que contém 1 LP, o
livro-programa do espectáculo, folheto com textos da gravação com tradução para
português das canções, as fotos do espectáculo.
Em Lisboa, ao
jornalista Viriato Teles disse espero
que vocês pensem que sou comunista.
A sua vida de luta está também registada nos testemunhos que prestou na Comissão de Actividades Anti-Americanas, o mccarthysmo, uma das muitas páginas negras da história da America:
Não responderei a nenhuma pergunta sobra as minhas actividades associativas, sobre os meus credos filosóficos ou religiosos, sobre as minhas convicções políticas ou, ainda, sobre como votei em qualquer das eleições.
Considero tais questões impróprias para serem postas a qualquer americano, particularmente sobre coerção, como acontece aqui. (…) Sei que, em toda a minha vida, jamais fiz o que quer que fosse de natureza conspiratória e sinto profundamente que, na intimidação para comparecer perante esta comissão esteja implícita a diferença existente entre as minhas opiniões e as vossas e que por isso me considerem menos americano que qualquer outro.
"Mas amo muito o meu país (...) Há vinte anos que, por toda a parte, canto canções populares da América e doutros países. A canção, cujo título foi especificamente citada neste julgamento, “Wasn’t That a Time”, é uma das que prefiro. Gostaria de ter a vossa autorização para a cantar aqui antes de terminar".
- Não pode, retorquiu seco o juiz Murphy.
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