No Público de anteontem, Luís Fernandes, da Universidade do Porto, ironizou sobre a transformação em pasta de papel, pelo grupo Leya, "de dezenas de milhares de livros de Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço e Vasco Graça Moura, publicados pela ASA".
Sempre quis comprar
um dos livros destruídos: a antologia de poesia e prosa que Eugénio de Andrade
fez e a ASA editou, com o nome maravilhoso e verdadeiro de Daqui houve nome Portugal. Era um
livro bonito, grande, muito bem impresso e encadernado, sob a chancela da Oiro
do Dia. Li-o na biblioteca de universidades inglesas mas, para vergonha minha
(como já o tinha lido, num prenúncio dos malefícios da Internet), nunca o
comprei; apesar de achar que, sendo caro, era barato para o que era. O papel
era bom. A selecção era boa. Era um livro perfeito - e até hoje não o tenho.
Tenho ligações
sentimentais ao grupo Leya (por causa d"O Independente) e ainda esta semana recebi uma proposta
simpática e tentadora da Dom Quixote, que agora faz parte da Leya. Mas que
posso fazer quando uma grande editora, recém-formada e sem qualquer tradição
literária, transforma um livro que era caro de mais para eu comprar em pasta de
papel? É de vomitar. Não podemos dar dinheiro a quem só pensa em dinheiro. José
Saramago - mau escritor mas boa pessoa, na minha miserável opinião - foi enganado.
Eugénio de Andrade e Jorge de Sena - um grande poeta e um génio - foram
ultrajados.
Desejo sinceramente
que a Leya se foda.
Legenda: ilustração de Snowball
Sem comentários:
Enviar um comentário