Madame Bovary
Gustave Flaubert
Tradução: João Pedro
de Andrade
Capa: Fernando
Mateus sobre pintura de Renoir
Relógio D’Água,
Lisboa 1991
- Sabes do que a
tua mulher precisa? – dizia a velha Bovary. É de se entreter em qualquer coisa,
ter obras de mão para fazer. Se ela fosse obrigada, como tantas, a ganhar o seu
pão, não andava lá em casa com essas teias de aranha, que é o resultado de uma
porção de ideias que se lhe meteram na cabeça, e de viver sem saber nada.
- Mas ela trabalha –
observou Carlos
- Ah! trabalha? Em
quê? O trabalho dela é ler romances, livros ruins, obras contra a religião e
onde se faz troça dos padres com palavreado tirado de Voltaire. Quem se ocupa
dessas coisas não vai longe, meu pobre filho, e quem não tem religião acaba
sempre por levar má volta.
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