Era de treino que ele gostava, não havia dúvida alguma. Mesmo a
organização dos horários de cada companhia originava problemas, mas bons
problemas. Era, mal comparado, como resolver problemas de palavras cruzadas. O
major acendeu um charuto e olhou pela abertura da barraca, através dos cem
metros de selva para o oceano, que lambia delicadamente a areia. Respirou
fundo, saboreando o cheiro a peixe que vinha do mar. Esforçava-se o mais que
podia, ninguém o podia negar. Uma satisfação cor-de-rosa percorreu-o todo.
Nesse momento teve uma ideia. Podia tornar mais agradáveis as aulas de
leitura de mapas com uma fotografia, a cores, de tamanho natural, da Betty
Grable em fato de banho, com um sistema de coordenadas desenhado em cima. O
instrutor poderia apontar para as várias partes do corpo e pedir:
«Dê-me as coordenadas.»
Mas onde é que iria arranjar uma fotografia de tamanho natural? Podia
perguntar ao quartel-mestre, mas diabos o levassem se ia fazer figura de parvo
a fazer uma requisição desse género. Talvez o capelão Daves, que era um gajo
fixe – mas não, era melhor não lhe perguntar.
Dalleson coçou a cabeça. Podia escrever uma carta ao quartel-general do
exército (serviços especiais). Talvez eles não tivessem a Grable, mas qualquer pin-up daria o mesmo resultado.
Era isso. Escreveria ao quartel-general. E entretanto podia comunicar
também o facto à secção de Auxiliares de Treino do Ministério da Guerra. Era de
ideias como essa que eles andavam à procura. O major estava ali a ver a sua
ideia posta em execução em todas as unidades do exército. Esfregou as mãos com
entusiasmo.
Podre de chique.
Norman Mailer em Os Nus e os Mortos
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