Como se calculará,
esta conversa vem a propósito do voto da Assembleia da República, que determina
o depósito de Eusébio no Panteão. Contra a qual tenho quatro ou cinco
objecções. Por um lado, não me cheira que Eusébio gostasse de se ver naquela
companhia. Por outro, ninguém lhe pediu autorização para esse exercício de
propaganda dos políticos, que ele talvez não apreciasse. E há mais. Há que
Eusébio era um génio da sua profissão e de repente (tirando Garrett e Amália) o
rodeiam de uma série de mediocridades, que nunca se distinguiram por terem
ajudado a humanidade ou os portugueses. Sim, senhor, Eusébio merece um Panteão.
Mas não aquele. Um Panteão no estádio do Benfica, ou perto dali, que as pessoas
pudessem visitar sem medo de se irritar ou contaminar. Quanto ao Panteão
Nacional, do que ele precisa com urgência é de um “saneamento” sucessivo, que o
aproxime um pouco da realidade.
Vasco Pulido Valente, Público, 10 de Janeiro
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