domingo, 12 de janeiro de 2014

PARA O ESTÁDIO DA LUZ, JÁ!


 Não have­ria nenhum pro­blema em que Eusé­bio fosse para o Pan­teão, a não ser que Eusé­bio merece mais do que o Pan­teão. Não have­ria nenhum pro­blema em que Eusé­bio fosse para o Pan­teão a não ser o de, tal como está e aten­dendo ao que, pelos que lá estão, repre­senta, o Pan­teão não mere­cer Eusé­bio, como já não mere­cia Amália.
Pôr Eusé­bio a repou­sar o des­canso eterno num meio bafi­ento é con­de­nar, em vez de pre­miar, a ale­gria e a explo­são do seu talento em vida. Se, agora, no des­canso eterno, que­re­mos vol­tar a dar-lhe o mere­cido pré­mio e valor, deve­mos levá-lo para o Está­dio da Luz, para que, em glo­ri­o­sas noi­tes euro­peias, nos gran­des jogos de cam­pe­o­nato e Taça, o que de Eusé­bio, do seu espí­rito, ouça e veja, possa vol­tar a ver pas­sar a mul­ti­dão ver­me­lha, os cache­cóis, as san­des de cou­rato, para que ele possa escu­tar esse rumor que acom­pa­nha as gran­des joga­das, o cân­tico guer­reiro da mul­ti­dão que grita, ri e chora os golos.
O corpo de Eusé­bio deve ficar no Está­dio da Luz tam­bém para que a mul­ti­dão que passa e lhe quer tanto bem se con­sole e reveja no mito que Eusé­bio é.
Não sei como se faz, não sei se é legal, só sei que é justo.

Manuel S. Fonseca, em Escrever é Triste

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