Quando as pernas
se deslocavam com facilidade, eram bem mais ágeis, entendeu que iria à cata das
velhas chaminés de padarias, de fábricas várias.
Ficaram por aqui
algumas.
Foi quando
passou perto, que lhe ocorreu que o crematório do Alto de São João tem chaminé.
Foi aí que se
construiu, corria o ano de 1925, o primeiro forno crematório.
Em data, que não
conseguiu apurar, foi desactivado.
Os motivos ele
sabe: exigências da Igreja, às quais Salazar deu amplo ámen.
Mais do que
qualquer Ricardo Salgado, a Igreja foi mesmo entidade dona disto tudo e ainda lança
laços que pretendem atrasar o já de si lento desenvolver de ideias novas. Ainda…
Em 1985, já não
havia Salazar, e contra a vontade da Igreja, o crematório foi reactivado.
Hoje a cremação
está generalizada e, convenhamos que é um outro asseio.
Ao ponto de ter
caído quase no esquecimento o dito de se estar «com os pés para cova»,
substituído por um estar «com os pés para fogueira».
O destino é
apenas um, e a morte, a velha morte, dizem os sábios, é o último desses destinos.
Espantou-se
Ibsen: «Já? Mal tinha começado a habituar-me à vida.»
Maiakovski
afiançava que não é difícil morrer, viver é muito mais e exigia, a um qualquer
químico do futuro: «A primeira coisa que farás é ressuscitar-me, a mim que
tanto amava a vida».
O malandro do
Woody Allen diz que não tem medo da morte, só não quer lá estar quando isso
acontecer.
A conclusão de
tudo é a morte.
O que agora
escreve, sente-se mortal. Apenas não quer cair numa cama feito vegetal inútil
porque os médicos, a igreja, não o deixam morrer, quando ele decidir que assim
terá de ser.
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