Falando numa
linguagem simples se dirá que José Saramago não brincava em serviço.
Quis ser
escritor e consegui-o. A pulso e num longo percorrer por um caminho de pedras.
Página 544 de Rota de Vida:
«Zeferino Coelho: «Ele não frequentava café ou tertúlias,
Estava em casa.»
«Ele não era homem de andar nas noitadas», garantirá
Esmeralda Cardoso e Silva. A secretária de Zeferino Coelho entenderá mesmo que,
num meio – o literário – em que os encontros de grupo eram tão naturais como o
pão de cada dia, Saramago, talvez porque «nos anos 60 e assim não era muito bem
aceite pela intelectualidade, não era um dos pares:: «O Mário Ventura
comentava: 2Ele era um vaidosos, a gente ia para os copos, e ele nunca ia.» O
Cardoso Pires e outros andavam nos copos até de manhã. Mas isso não era com o
Saramago, embora ele gostasse de gin e de muito bom vinho branco.» E também é
um facto que algumas dessas amizades eram mais aparentes do que reais, caso do
próprio Cardoso Pires – algo que não escapava ao ouvido de Esmeralda: «O Luiz
Pacheco até dizia: 2Por cada prémio que o Saramago ganha , o Cardoso Pires
deita abaixo uma garrafa de uísque.» O que não era difícil. Aquilo eram uns ódios…»
O que Correia Jesuíno confirmará: «Eu érea muito amigo do José Cardoso Pires,
que não gostava nada do Saramago. Começava por dizer que não tinha lido os
livros dele.
O editor da Caminho achará que, sobretudo, Saramago
fugia à ideia de estar a desperdiçar o tempo.»
Legenda; José Saramago, Piteira Santos, Maria Rosa
Colaço, Fernando Lopes Graça, Manuel da Fonseca, José Cardoso Pires e Urbano
Tavares Rodrigues desfilando na Avenida da Liberdade.
1 comentário:
Lá está:
-Cardoso Pires = Quartier Latin/whiskie
-Saramago = Azinhaga/vinho branco
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