A regra é que os mais velhos traíram a memória da
língua, e os mais novos vivem bem no mundo do Big Brother. O tecido cultural do
país, agredido pelo acordo, não é feito de excepções mas sim da regra, e a
contínua enunciação das excepções só serve para esconder a rera. Pode-se ser
culto sem saber quem era Ulisses, ou Electra, ou Lear, ou Otelo, ou Bloom? Não,
não pode. Como não se pode ser culto sem perceber a inércia, ou o princípio de
Arquimedes. E, no caso português, sem ter lido umas frases de Vieira, ou saber
quem era Simão Botelho, Acácio, o sr. Joãozinho das Perdizes, ou Ricardo reis,
ele mesmo. E não me venham dizer que sabem outras coisas. Sabem, mas não chega,
são menos, são diferentes, e não tem o mesmo papel de nos fazer melhores, mais
donos de nós próprios e mais livres. Sim, livres, porque é de liberdade que se
está a falar.
José Pacheco
Pereira no Público
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