Para quem vive, ou viveu, em França, sabe perfeitamente do que falo. Todas as manhãs havia um prazer indispensável. Comprar o jornal Libération e ir lê-lo ao café. Um café em Paris é um espaço acolhedor, com espelhos e madeiras e terraços envidraçados que se abrem para a chegada da Primavera, o sol avançando portas adentro.
Eduardo Prado Coelho
3 comentários:
Não há dúvida que (pela prosa apresentada) este intelectual conhecia os portugueses como ninguém.
Será que ele alguma vez falou com um português (em França)? Daqueles do Bidonville?
Saberia ele que milhares e milhares de portugueses que viviam em França (na altura) não sabiam (nem sonhavam) de que estava a falar? e que,de manhã bem cedo, em vez de se sentarem a ler o jornal, partiam da sua barraca para irem labutar em condições duras regressando ao fim do dia aos seus tugúrios onde viviam em condições miseráveis e demasiado cansados para ler o Libération?
O Eduardo Prado Coelho, apesar de tudo, é um personagem interessante da nossa intelectualidade. Claro que ele sabia da existência dos nossos emigrantes a viver no Bidonville, mas não sei se alguma vez se lhes dirigiu. A outros nossos emigrantes, que também viviam em difíceis condições, ele dirigiu-se, como José Mário Branco, Sérgio Godinho, Luís Cília e tantos outros. Mais tarde, já depois de Abril, abominava que o João César Monteiro, aparecesse a cravar-lhe almoços e jantares e continuasse a dizer mal dele. Por motivos óbvios, odiavam-se.
By the way: O Seve deixou um comentário no texto sobre o Miguel Torga. Por motivos que desconheço, o texto sofreu um percalço informático e tive que o repetir mas nessa repetição perdeu-se o comentário. Peço desculpa e peço-lhe que tenha a paciência de o voltar a inserir o comentário.
Um abraço.
OK, obrigado.
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