O megafone faz parte do 25 de Abril.
Ainda, no recente Festival RTP da Canção, serviu de adereço à interpretação dos “Homens da Luta”.
Francisco Sousa Tavares no Largo do Carmo, megafone em punho, o primeiro discurso num país livre da ditadura, o olhar brilhante de quem o olhava, as palavras ditas, recordadas, uma nostalgia do tamanho do mundo, dum tempo transformado em nave de loucos:
Começamos hoje uma vida nova, uma vida de liberdade.”
O Boris de megafone, naquele Verão chamado quente, percorrendo as ruas do bairro, lançando gritando:
Todos ao grande comício.
O megafone é quase um objecto obsoleto, mas, quando necessário, num qualquer improviso, ainda é de grande utilidade
Francisco Sousa Tavares morreu, com 73 anos, em 25 de Maio de 1993.
Sofia de Mello Breyner Andresen, que foi sua mulher, dedicou-lhe este poema:
“Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.”
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.”
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