domingo, 8 de maio de 2011

COISAS EXTINTAS OU EM VIAS DE...


O megafone faz parte do 25 de Abril.

Ainda, no recente Festival RTP da Canção,  serviu de adereço à interpretação dos “Homens da Luta”.

Francisco Sousa Tavares no Largo do Carmo, megafone em punho, o primeiro discurso num país livre da ditadura, o olhar brilhante de quem o olhava, as palavras ditas, recordadas, uma nostalgia do tamanho do mundo, dum tempo transformado em nave de loucos:

Começamos hoje uma vida nova, uma vida de liberdade.”

O Boris de megafone, naquele Verão chamado quente, percorrendo as ruas do bairro, lançando gritando:

Todos ao grande comício.

O megafone é quase um objecto obsoleto, mas, quando necessário, num qualquer improviso, ainda é de grande utilidade

Francisco Sousa Tavares morreu, com 73 anos, em 25 de Maio de 1993.

Sofia de Mello Breyner Andresen, que foi sua mulher, dedicou-lhe este poema:

“Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.”

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