A 81ª Feira do Livro de Lisboa fechou portas no domingo.
A primeira e única visita deu para estoirar, rapidamente, os parcos euros que o orçamento familiar tinha determinado.
Mas tive que voltar. Um livro, que não comprara nessa visita, andou a fazer-me comichão ao ponto de me ter decidido que tinha que acabar com isso e isso só poderia acontecer, indo comprá-lo
Nas livrarias custa 45,00 euros, o preço de feira situava-o nos 36,00 euros. Foi editado pela Fundação Calouste Gulbenkian e são as “Memórias” de Rómulo de Carvalho, mais conhecido por António Gedeão, aquele que disso que havia, há ainda, gente que não sabia que o sonho é uma constante da vida, que o mundo pula e avança.
Um livro lindíssimo, mais de 500 páginas, de alguém, que a escassos 14 dias de morrer, deixou escrito: “A vida nunca me seduziu. Entre o viver e o morrer sempre preferi o morrer. Se não tivesse nascido, ninguém daria pela minha falta. Reconheço que estou a ser indelicado com todos aqueles que gostam de mim, mas peço-lhes que me desculpem.”
Soube sempre, desde o dia primeiro que o vi nas livrarias, de que não mereceria o ar que respiro, se não o comprasse.
Às “Memórias” de Rómulo de Carvalho, hei-de voltar.
Mudando de agulha, mas aproveitando a boleia da feira, dizer que, parece ser opinião quase unânime, que para o ano é imperioso a existência de duas Feiras do Livro: uma para os grandes grupos editoriais, outra para as pequenas, médias editoras e alfarrabistas.
A desordem que o mercado editorial vive neste momento, exige, no que à Feira do Livro diz respeito, uma clarificação.
O editor Nelson de Matos, numa entrevista ao “Diário de Notícias”
“Os pequenos editores têm menos força, mas não é por isso que não continuam a fazer o seu trabalho, que tem uma maior qualidade e que respeita mais o livro, o autor e o eleitor do que os grandes grupos.
Há coisa que as pequenas e médias editoras conseguem fazer que as grandes não fazem. Nomeadamente, podemos ter livros com tiragens mais pequenas, enquanto os grandes grupos só podem ter livros com grandes tiragens. Podemos dar atenção a áreas editoriais minoritárias e assim fazer um trabalho melhor. Haverá sempre lugar tanto para os grandes editores como para os pequenos e os médios, estes apenas fazem outro tipo de trabalho.”
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