Neste dia, no ano de 1967, saía o primeiro número de A
Capital
O jornal nasce de uma cisão dentro do Diário de Lisboa.
Sai o Director, Norberto Lopes, o sub-direcotr Mário Neves, e
alguns jornalistas acompanham essa saída, outros são recrutados.
Gente credível desse tempo, foi de opinião que a cisão tem
nas suas origens razões políticas. Sendo o principal jornal da oposição à
ditadura, o outro era o República, mas de menor circulação,
parte da redacção não concordava com o conservadorismo, a pouca definição
política de Norberto Lopes.
Conheço poucas opiniões sobre o sucedido.
Existe a de Mário Neves, publicada no Expresso de 1 de Dezembro de 1990 que, não duvidando da honestidade
de Mário Neves, me parece, apesar de tudo, pouco sustentável:
O Guilherme Pereira da Rosa, um
dos donos do DL, resolveu, por motivos familiares, vender a sua parte. Para
cumprir um pacto antigo, ofereceu primeiro a quota aos outros donos. Mas eles
ofereceram-lhe cinco mil contos, um preço excessivamente baixo tendo em conta que
o jornal estava muito vulgarizado. O Pereira da Rosa então vendeu ao Banco Nacional Ultramarino. Acontece que tudo isso se passou à revelia da redacção.
Quando soubemos, ficámos alarmados. Afinal de contas, o BNU estava ligado à situação a Salazar. O Norberto Lopes e eu,
que éramos director e director adjunto do DL resolvemos então sair.
Aconteceu que o Diário de Lisboa não deixou, de prosseguir a
luta, possível luta dada a censura, contra a política salazarista e, seja-me
permitida a opinião, ainda com mais rigor e vivacidade.
Curiosamente, Norberto Lopes na sua primeira Nota
do Dia em A Capital, a dado passo, cita La Bruyère: os homens seriam talvez piores,
se viessem a faltar-lhes os censores e os críticos.
Ele saberia do porquê da citação…
Neste primeiro número de A Capital é publicado o Suplemento
Literário, coordenado por Álvaro Salema.
Publica um polémico artigo de José Régio sobre o filme de
Arthur Penn Bonnie &Clyde que dá origem a uma longa polémica entre
jornalistas, críticos de cinema e escritores, com destaque para Agustina
Bessa-Luís, pouco dada a este tipo de aparições
Régio sustentava a opinião de que o filme não era uma obra
de arte e, pela sua violência seria prejudicial quando visto por jovens.
A crítica literária estava entregue a Fernanda Botelho,
Rogério Fernandes e José Saramago.
O futuro prémio Nobel da Literatura, fazia a crítica ao
livro Vida Crioula de Teobaldo Virgílio, que terminava assim:
Vida Crioula é uma bela afirmação de vitalidade. Do seu
autor e da capacidade criadora do cabo-verdiano. Não nos fará mal nenhum (e
apostemos que muito bem nos fará) olhar com atenção para a literatura de Cabo
Verde. Lá se escreve um excelente português – coisa de que vamos estando
desabituados no Chiado…
O último número de A Capital, foi publicado no dia 30de Julho de 2005.
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