Sou contra as praxes.
Por muitas histórias que me contem, não as compreendo nem
aceito.
A tragédia da praia do Meco tem mostrado o lado negativo de
uma comunicação social doentiamente interessada em vender papel e agarrar
audiências.
Mostrou também o atraso com que as autoridades, policias e
judiciais, lidaram com o problema.
Acresce a idiotice do presidente do Conselho de Administração
da Lusófona,
que é de opinião que as praxes são meras brincadeiras e que todos os dias
morrem pessoas nas estradas e não vamos proibir alguém de andar na estrada, a Lusófona
essa parideira de alguns doutores cujo principal rosto é o ex-ministro Miguel Relvas
And last but not the least a falta de tomates do ministro da
Educação, tão lesto a tratar os professores a pontapé e acobardando-se ao ponto
de não conseguir a tomada de uma posição clara e inequívoca sobre os limites
das praxes.
Do que tenho ouvido e lido sobre a dramática brincadeira
do Meco quero realçar a opinião de Pacheco Pereira e de Vasco Pulido Valente, ambas
expressas no Público de 25 de Janeiro.
Lei agora, via Meditação na Pastelaria, a opinião
do escritor Mário de Carvalho que num curto, mas certeiro, texto, coloca as
praxes no devido enquadramento: pura javardice.
Antes da REACÇÃO contra a revolução do 25 de Abril de 1974, não havia praxe em Lisboa. O espírito crítico de um escol cultural, prevalente na Universidade, tinha padrões exigentes. Ensino superior não queria dizer ensino inferior. Era uma elevação sobre a miserável circunstância dominante. A praxe era considerada – e bem -- COISA DE LABREGOS.
Em Coimbra, nos anos sessenta, após as críticas corajosas de Flávio Vara (“ O Espantalho da praxe…” 1958) e a chegada de uma geração mais desempoeirada, a praxe quase desapareceu. Reinstalaram-na depois com todo o seu fétido programa passadista.
A praxe é o abraço alcoolizado entre o ricaço marialvão, abrutalhado e analfabeto e o povoléu boçal e trauliteiro, folclorizando o servilismo medieval em vestes eclesiásticas. Ao fim e ao cabo, o velho Portugal alarve, mendigo, medievalóide e agachadinho, mas de telemóvel em riste.
Não se ponderem gradações entre um medievalismo civilizado e um medievalismo excessivo. Toda a praxe é desprezível. No estado a que as coisas, desgraçadamente, chegaram, proibir seria contraproducente. Mas há muitas formas de desencorajar. E os professores – que têm sido, aliás, de uma distracção cúmplice (mea culpa) – sabem isso bem.
Oxalá os estudantes se dêem conta de como foram inferiorizados e transformados em «jovens velhinhos» por uma súcia rasca.
Tanto mais que a situação assume contornos sinistros e mafiosos. Ao que parece, com “omertà” e tudo. Um atavismo lusitano vem fazer de hífen entre a tradição siciliana e o nórdico Nacional-Socialismo.
Pior que mera COISA DE LABREGOS.
Legenda: imagem do Público.
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