sexta-feira, 7 de outubro de 2016

OLHARES


Aqui era o Quebra-Bilhas.

José Quitério, num artigo no Expresso, escrevia:

O Quebra Bilhas mantém muito do seu encanto de outras idades. O largo portão verde, fronteiro ao plácido plátano, abre para o primeiro compartimento, onde, a par da cozinha, se conserva felizmente um daqueles belos balcões das tabernas antigas, todo corrido e de mármore, e duas largas mesas . Outra sala, mais convencionalmente a refeiçoar, oferece uma simplicidade airosa revestida de artefactos de sabor caseiro. Grande, grande é o quintal-esplanada, de chão empedrado, abrigado por generosos toldos de parreiras e árvores de forte porte, local único e riqueza inestimável para o tempo ameno, daqueles recantos que parecem terem sido feitos, e são eleitos, para os prazeres da mesa, da bebida e do convívio.

Foi em Abril de 2006 que o Quebra-Bilhas, sito na Rua do Campo Grande nº 312, e um dos mais antigos restaurantes de Lisboa, data de 1793, fechou portas.

O proprietário é o Centro Cultural do Campo Grande, sediado no palacete contíguo ao restaurante do número 321, uma instituição da Opus Dei, que, até hoje, não soube, ou não quis, dar-lhe um destino. 


A festa de despedida de solteiro do Cândido.

Lembro-me que estava uma noite maravilhosa de Junho de há muitos anos, talvez 30, o petisco foi no quintal paradisíaco do Quebra-Bilhas, e a noite acabou na Feira Popular, que já não existe, a jogar matraquilhos, para além de outras aventuras.

Lá muito mais para trás, quando miúdo, depois dos jogos do Benfica no Campo Grande, a velha estância de madeira, ia com o meu avô ao Quebra Bilhas comer sandes de presunto. O meu avô bebia um copinho de vinho branco e para mim era uma gasosa, mas mesmo gasosa, da Pizões Moura, com o castelinho em rótulo azul. 

O rótulo vermelho era para a água mineral que ainda hoje existe.

Diga-se, no entanto, que a ida ao Quebra Bilhas depois da jogatana, só acontecia se o Benfica ganhava.

Nem o empate dava para a sandes e a gasosa.

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