sábado, 22 de outubro de 2016

SARAMAGUEANDO


Um homem extremamente tímido, reservado, que vestia uma couraça para se proteger dessa timidez espantosa.
Ele também era tudo menos simples. Recusava as respostas prontas, O sim e o não ficavam de fora das nossas questões. Queria que pensássemos. Era assim que ela era como pai, como escritor e como cidadão interventivo. Não existiam vários Saramagos. O que ele foi, o que ele era está ali, na obra que deixou. Estar a ler o meu pai é como estar a ouvi-lo a falar, porque ele escrevia como falava. Não era um homem de sim e não, era um homem que respondia, procurando sempre uma explicação.

Violante Saramago no Público de Outubro de 2016,

Legenda: fotografia de Gregário Cunha/Público

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