segunda-feira, 17 de outubro de 2016

OLHARES


Foi nisto que deu o Cinema Londres.

Shopping Fashion  & Home.

Venda de vestuário, calçado, acessórios, papelaria, ferramentas, brinquedos, artigos para animais, jardim, decoração.

Chinesices.

Andava a fugir de passar por isto, mas no sábado aconteceu.

Quando em Fevereiro de 2013, a Socorama, empresa ligada à família Castello Lopes, pediu insolvência, o Londres ficou com os dias contados.

Um grupo de comerciantes e habitantes das Avenidas Novas, ainda fizeram umas reuniões na Mexicana para que o Cinema Londres não acabasse nisto e antes fosse espaço de um polo cultural.

Ideias havia, mas faltaram apoios… dinheiro… o costume…

Margarida Acciaiuoli, no seu livro Os Cinemas de Lisboa, escreve sobre o Cinema Londres:

O projecto previa uma sala co a lotação de 440 lugares, à qual se anexava um snack-bar e um pub que elucidavam o que se pretendia do lugar e das funções que se lhe atribuíam. O resultado foi que não só se construíu a «mais luxuosa sala-estúdio de Lisboa, como se completou a sua actividade com outras que com ele se combinavam. Como a imprensa logo sublinhou, o Cinema Londres, longe de constituir mais uma sala, era uma «ideia nova numa cidade que crescia». Adoptando a célebre fórmula com que se anunciara, e que se traduzia na possibilidade de oferecer «3 coisas no mesmo sítio», ou seja, «ver cinema na sala», «jantar no snack-bar» e «conversar no ‘Pub the Flag’».

O cinema Londres tinha as mais cómodas e originais cadeiras de todas as salas de Lisboa.

Um luxo!

São tantos e tantos os filmes que vi no Londres.

Jean-Luc Godard não é santo do meu panteão cinematográfico, mas assinou uns quantos de que não prescindo.

Um deles é Vivre Sa Vie com a fabulosa Anna Karina.

João Bénard da Costa chama-lhe mágica.

Como há uns dias escrevi, gosto de recordar o Eduardo Guerra Carneiro.

E por Godard, lembro os fragmentos de uma carta do Eduardo:

Falavas, claro, de Obaldia, Boris Vian e, sempre, de Godard, Et maintenant, le cinéma c’est Jean-Luc Godard, dizia Aragon. Tu comentavas: foi a coisa mais acertada que disse até hoje. Mas o tempo era de escuridão total: as trevas.

Sei agora, que quando falei do Cinema Londres, prometera uma história.

Já me tinha esquecido.

Segue em posta à parte.

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