No 2º dia de
Dezembro, os Rolling Stones lançam Blues & Lonesome.
Vai ser um bom
Natal.
O álbum marca o regresso
dos Stones à pureza inicial da sua música. – os blues.
O que eu procurava era o âmago da música – a
expressão. Não teria havido jazz se
não fossem os blues e não teria havido blues sem
escravatura; essa versão particular e mais recente de escravatura, diferente
daquela que nós, pobres celtas, tivemos de sofrer às mãos do império romano. Os
poderosos sempre sujeitaram povos inteiros à miséria, não apenas na América.
Mas quem sobrevive à escravatura produz algo de primordial. Algo que não vem da
cabeça, vem das entranhas. Algo que está para lá da sua própria musicalidade;
esta pode assumir as formas mais diversas. Há imensos tipos de blues.
Há tipos de blues muito leves, há tipo de blues mais
pesados, pantanosos. É nos pantanosos que eu me situo. Ouçam o John Lee Hocker.
Toca de um modo muito arcaico. As mais das vezes ignora a progressão harmónica,
que é sugerida, mas não tocada de modo explicito. Os músicos que tocam com ele
podem segui-la; ele não, fica onde está, inamovível. Implacável. Outra coisa
crucial no John Lee Hocker, fora aquela grande voz e a implacável guitarra, era
o seu bater de pé, que fazia lembrar o rastejar de uma boa. Ampliava o som da
batida com uma caixa chinesa, cinco centímetros por dez.
Na net já pode
ser encontrado um excerto de uma das faixas do disco: Just Your Fool que
remete para a harmónica de Little Walter.
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