domingo, 2 de outubro de 2016

OLHAR AS CAPAS


Crónica da Manhã

Agustina Bessa-Luís
Organização e fixação do texto: Alberto Luís e Lourença Baldaque
Babel Editora, Outubro de 2015

Quem não tem uma boa nostalgia provinciana feita de ensinamentos ambíguos e pequenas histórias pícaras, não tem país, nem estrela que o informe.
Quando eu era criança passe muito tempo na aldeia, por temporadas que às vezes me pareciam uma vida. Aprendi que não há nada que seja hostil, entre o que í importante. Há umas coisas mais inseguras do que outras e o encontro pode ser mortal algumas vezes; mas a hostilidade não existe fora da estratégia e da burocracia da convivência.Quando alguém era lúcido chamava-se fino; e quando era inapto dizia-se que não compreendia. Ora, havia maneira de ligar essas duas situações mentais. Se alguém se podia qualificar como um homem fino mas que não compreende, tínhamos que inferir o seguinte: que era hábil para o comum, mas impróprio para coisas que exigem imaginação.

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