Crónica da Manhã
Agustina
Bessa-Luís
Organização
e fixação do texto: Alberto Luís e Lourença Baldaque
Babel
Editora, Outubro de 2015
Quem não tem uma boa nostalgia provinciana
feita de ensinamentos ambíguos e pequenas histórias pícaras, não tem país, nem
estrela que o informe.
Quando eu era criança passe muito tempo na
aldeia, por temporadas que às vezes me pareciam uma vida. Aprendi que não há
nada que seja hostil, entre o que í importante. Há umas coisas mais inseguras
do que outras e o encontro pode ser mortal algumas vezes; mas a hostilidade não
existe fora da estratégia e da burocracia da convivência.Quando alguém era lúcido chamava-se fino; e
quando era inapto dizia-se que não compreendia. Ora, havia maneira de ligar
essas duas situações mentais. Se alguém se podia qualificar como um homem fino
mas que não compreende, tínhamos que inferir o seguinte: que era hábil para o
comum, mas impróprio para coisas que exigem imaginação.
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