terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

OLHARES


Até ao dia 26 deste mês está patente no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, a Exposição comemorativa do centenário de nascimento de Mário Dionísio, «Passageiro Clandestino Mário Dionísio 100 Anos».

Com a curadoria de António Pedro Pita, a exposição faz a retrospetiva da obra de Mário Dionísio, poeta, ensaísta e pintor.

A imagem acima mostra a caderneta escolar de Mário Dionísio que se encontra na exposição.

Curiosamente e nela se constata que Mário Dionísio, no ano escolar 1926/1927 no Liceu de Camões, teve «medíocre» na disciplina de Desenho.

Não é sem um suave sorriso que olhamos o pormenor.

Como dizia a minha avó: os galegos nunca gostaram de ver bons princípos aos filhos.

Na Livraria do Museu ainda se encontram à venda alguns exemplares da Autobiografia de Mário Dionísio, publicada em 1987, pelo semanário O Jornal.

Um livrinho importantíssimo que começa assim:

«Contar a minha vida. Sempre que me falam nisso, imagino-me sentado num banco de cozinha, com um grosso camisolão, ombros caídos, a olhar por uma janela alta e estreita o que ele deixa ver da floresta. Alguém deixou um machado na pequena clareira em frente da janela. Andarão a rachar lenha. Grandes aves esvoaçam lá por fora, não muito alto decerto. E, além disto, silêncio. O profundo silêncio do que não volta mais.»

O curioso é ainda existirem exemplares à venda deste livro de Mário Dionísio.

A ficha técnica não indica a tiragem mas não devia ultrapassar o milhar de exemplares.

Este país tão riste de esquecer gente.

Ou como escreveu Mário Dionísio, «o profundo  silêncio do que não volta mais».


Museu do Neo-Realismo
Rua Alves Redol, nº 45
Vila Franca de Xira
Horário: 3.ª a 6.ª feira, 10h00-18h00;
Sábado e domingo, 10h00-19h00;
Encerra à 2.ª feira e aos feriados.

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