Rómulo Vasco da Gama Carvalho gostava muito de fazer
palavras cruzadas, daquelas sem quadradinhos pretos e também das outras.
Gostava também de hieróglifos comprimidos. Deve ter sido das primeiras coisa
que me ensinou. A fazer palavras cruzadas.
Tinha sempre na carteira de bolso um ou dois recortes
do jornal Diário de Notícias ou
do Diário de Lisboa com as tais palavras cruzadas. Toda a vida vi-o a
fazer isto. Era quase como um comprimido para o cérebro. Dizia ele que era um
ótimo exercício cerebral!
Coisas simples!
Coisas simples!
Começava por ler o jornal – colocava-o em cima do
armário – e lia. Com pormenor, as notícias principais, os anúncios, sem nunca
perder de vista a necrologia. A necrologia era a última secção do jornal a ser
lida mas era lida com muito interesse e muitas vezes comentada «Olha, lá se foi
o senhor tal e tal ou a senhora tal e tal!» ou então «Coitado! Andei com ele na
escola… Um grande patife!»
Ou «Há sempre quem vá e não volte nunca mais!»
Catarina
Carvalho em Rómulo de Carvalho/António Gedeão, Príncipe Perfeito
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