A Portugália
Editora, nos anos 50/60, manteve uma série de Antologias: Líricas Portuguesas,
Contos Portugueses.
Jorge de Sena
foi responsável pelas Líricas Portuguesas que conheceu diversas séries.
Em carta a
Eugénio de Andrade, datada de 3 de Julho de 1958, dá conta da 3ª série da
Antologia:
A Antologia está em vias de conclusão. – tem sido um
trabalho insano, pesquisas, Biblioteca Nacional, o diabo, mas creio que ficará
um monumento para os últimos vinte anos.
Dois dias
depois, dá conta a Eugénio que incluiu António Gedeão na Antologia:
O António Gedeão, aliás Rómulo de Carvalho, que
iniciava o seu professorado liceal na minha turma de 7º ano – o que eu não
sabia -, está já selecionado e biográfico-criticado. Ele havia-me mandado o primeiro
livro, de que eu gostara, com certa expectativa, e o segundo, recentíssimo,
acho-o excelente, para lá dos jogos a que V. justamente se refere e provém de
uma maestria, como direi, excessiva em relação à matéria. Mas muito bom. Vai,
sendo «o mais jovem» de todos, ser cronologicamente o primeiro poeta da 2ª
parte da Antologia.
Em carta datada
de 5 de Janeiro de 1959, Eugénio pergunta por novas da Antologia.
A 25 de Janeiro,
Sena responde com humor e ironia:
A antologia continua a despertar os furores de toda a mediocridade.
Os ataques e os insultos continuam a desabar por todos os lados. Em grande
parte são inspirados pelo furor (uterino) da megera Natália Correia que,
segundo diz um amigo meu, é tristemente, em carne e osso, o que se arranjou do
busto da República. Com a diferença que esta senhora de barrete frígio, por ser
só busto, não intrigava com outras partes mais abaixo. Mas têm amas em comum o
servirem-se da língua, embora com fins opostos.
Legenda: a capa
da 3ª Série da Antologia de Líricas portuguesas é tirada da Livraria Sidarta.
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