Nas noites quentes, com as janelas enormes todas
abertas, descíamos a rua principal e depois voltávamos para sudoeste e íamos
até ao princípio da Highway 38, onde fazíamos a paragem do costume na banca dos
gelados Jersey Freeze. Com um salto, passávamos do carro para a janela de
correr onde podíamos escolher dois sabores – contem bem, dois: baunilha e
chocolate. Eu não gostava nem de um nem de outro, mas adorava os cones de
bolacha. O tipo que estava ao balcão e que era o dono da banca guardava os
partidos para mim e vendia-os a cinco cêntimos ou, então, dava-me um de graça
às escondidas. Eu e a minha irmã sentávamo-nos no capô do carro, num êxtase
silenciosos, pois todos os sons, à exceção do zumbido dos grilos nos bosques
das redondezas, eram abafados pela humidade de Jersey: A iluminação amarela do
exterior funcionava como uma chama de néon para as centenas de insetos que
pairavam e rodopiavam nas noites de verão. Nós ficávamos a vê-los zumbirem à
volta da parede branca dos gelados e só deixávamos de olhar quando o enorme
cone de plástico do Jersey Freeze, empoleirado de forma instável no alto da
pequena construção de tijolos cinzentos, ia desaparecendo aos poucos pelo vidro
das traseiras do carro.
Bruce Springsteen em Born to Run
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