Henri-Pierre Roché
Tradução Ana Luísa
Faria
Capa Luís Miguel
Castro
Relógio d’Água,
Lisboa s/d
A carreta chegava
ao forno crematório.
Jules penetrou no
segundo recinto.
O caixão de Jim era
ainda maior do que ele fora em vida, o de Kathe um estojozinho a seu lado.
Voaram em Chamas à medida que iam entrando na goela ofuscante dos fornos.
Ao fim de uma hora
a carreta de ferro tornou a sair. O esqueleto de Kathe, incandescente, sugeria
ainda a sua forma. Fazia lembrar uma supliciada triunfal. Apagou-se e desfez-se
em poeira. Um fragmento de crânio subsistiu, friável. Um malho de prata acabou
de o desfazer.
Depois foi a vez do
comprimido Jim, outro supliciado. Também do seu crânio restou um vestígio.
As cinzas foram
recolhidas em urnas, e arrumadas em gavetas, logo a seguir seladas.
Sozinho, Jules
tê-las-ia misturado.
Kathe sempre
manifestara o desejo de que lançassem as suas ao vento, do alto de uma colina.
Mas não era
permitido.
Sem comentários:
Enviar um comentário