27 a 31 de Maio
NO PALÁCIO Foz um grupo representativo do Movimento Democrático
de Artistas Plásticos, cobriu com um pano negro a estátua de Salazar que
se encontra nos jardins do palácio. Esse gesto foi considerado como «um
acto de criação artística», pois «a arte fascista faz mal à vista.»
APÓS duas semanas de greve parece iminente a falência da Fábrica
de Malhas Simões de Benfica.
A CÂMARA Municipal de Mação recusou-se a pagar o dia 1 de
Maio aos seus trabalhadores eventuais.
LISBOA e arredores estão sem pão. Os trabalhadores da
Panificação afirmam que foram forçados à greve.
NA NAZARÉ os pescadores continuam a lutar em terra pelo pão.
A situação arrasta-se desde o dia 12 do corrente mês e ainda não foram revistos
os respectivos acordos de trabalho.
ANTÓNIO Spínola ao chegar ao Porto e falando á multidão que
o aguardava: «as ideias democráticas e de liberdade estão sendo criminosamente
minadas por forças que visam a destruição e a anarquia.»
DADA a campanha de pressão e intimidação levada a cabo por
alguns postos de abastecimento de gasolina e gasóleo do distrito de Lisboa, o
Ministério da Coordenação Económica esclarece que se tal for necessário os
postos de gasolina serão controlados pelas autoridades militares.
OS TRABALHADORES da
empresa da Companhia das Águas de Lisboa deliberaram apresentar como exigência
a reivindicação a nacionalização imediata daquela companhia e requerer um
rigoroso inquérito aos actos da administração.
SEGUNDO informação das Forças Armadas ainda não se entregaram
às autoridades oito elementos da extinta PIDE/DGS.
SILVA PAIS continua a dizer que desconhecia os processos
usados pela PIDE e apenas cumpria ordens.
FIXADA em 1.600$00 a pensão mínima de invalidez. Abono de
família passa a 240$00
Reajustado o pré dos praças (de 30$00 para 250$00).
Do discurso, pronunciado por Spínola, no acto de posse dos conselheiros de Estado: «É tempo de cada português saber
distinguir entre programas políticos e amontoados de bem orquestrados slogans
demagógicos».
A INTERSINDICAL divulga um comunicado onde constata com
apreensão a acção desordenada e anárquica de certos elementos oportunistas e
reaccionários que tentam arrastar os trabalhadores através de greves que no
momento presente não servem os interesses dos trabalhadores.
ANTÓNIO Spínola em Coimbra, falando à multidão que o
aguardava: «para reivindicar é preciso primeiro edificar» e «não se poderá
distribuir riqueza sem a produzir».
COMEÇOU a publicar-se o jornal Revolução porta-voz do
Partido Revolucionário do Proletariado – Brigadas Revolucionárias.
DE A FUNDA de Artur Portela Filho:
Estão os católicos portugueses dispostos a permitir que a Igreja
portuguesa passe, de paramentos e bagagens, pressurosa, subtil, intacta, da
Ditadura para a Democracia?
Estão os católicos portugueses dispostos a permitir que a hierarquia da
igreja portuguesa salte, do barco que se afunda, para o barco que zarpa, sem
molhar, sequer, a ponta da sotaina?
Estão os católicos portugueses dispostos a permitir que todos quanto
diziam, no dia 24 de Abril, que o sr. Bispo do Porto e o sr. Bispo de Nampula
eram as ovelhas negras de um rebanho branco digam, no dia 26 de Abril, que o
rebanho sempre foi todo, mas todo, negro?
Nem todos os católicos estão
Dispostos a.
Permitir.
Fontes: Recortes de acervo pessoal, Diário de Uma Revolução,
Mil Dias Editora, Lisboa, Janeiro de 1978, Maio de 74 Dia a Dia, Edição de
Teorema e Abril em Maio, Lisboa, Maio de 2001, Portugal Hoje edição da
Secretaria de Estado da Informação e Turismo, A
Funda,
Artur Portela Filho, Editora Arcádia, Lisboa
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