sábado, 17 de maio de 2014

17 DE MAIO DE 1974


No dia 17 de Maio de 1974 saía para as bancas o primeiro número, legal, do Avante, órgão central do Partido Comunista Português.

António Dias Lourenço é o seu primeiro director e a numeração mostrava nº1, Ano 44, Série VII.
A numeração do Avante está dividida por séries. As primeiras cinco abrangem o período até à interrupção da publicação em 1938; a VI série vai de 1941 a 1974.

Segundo uma notícia publicada pelo Diário Popular de 30 de Maio de 1974 chegou a ser considerada a hipótese do Avante ser um jornal diário vespertino, mas a ideia  acabou por não se concretizar e o jornal haveria de aparecer com semanário, periodicidade  que ainda hoje mantém. Segundo os números do Partido a tiragem desse dia atingiu quase meio milhão de exemplares.


 O primeiro número do Avante é publicado em 15 de Fevereiro de 1931, ou seja, dez anos depois da fundação do PCP. Qual a razão desse facto? Salienta-se desde já que entre 1921 e 1931 não deixou de existir uma imprensa partidária. O Partido chegou mesmo a ter o seu órgão oficial, O Comunista, ainda que de existência efémera, e a Juventude Comunista, entretanto formada, edita por, sua vez, O jovem Comunista.
Durante esse período o PCP, lutando com grandes dificuldades e deficiências, viveu momentos muito delicados.

O golpe militar fascista de 28 de Maio de 1926, na véspera do início do II Congresso do Partido, e a imposição da clandestinidade, no ano seguinte, vieram agravar ainda mais as condições de trabalho e, naturalmente, dificultar a existência de uma imprensa partidária capaz de responder às necessidades.


 A saída do jornal não é regular, não obstante em certos períodos se trem obtido importantes êxitos, como foi o caso dos anos 1937/38, em que o Avante saiu semanalmente, mas seguir-se-á uma interrupção da sua publicação por mais de dois anos.

Reaparecido em Agosto de 1941, o jornal estabiliza-se com a saída regular todos os meses que se manteria ininterruptamente até Abril de 1974.

O golpe militar fascista de 28 de Maio de 1926, na véspera do início do II Congresso do Partido, e a imposição da clandestinidade, no ano seguinte, vieram agravar ainda mais as condições de trabalho e, naturalmente, dificultar a existência de uma imprensa partidária capaz de responder às necessidades.


O último número do Avante publicado na clandestinidade é o 464 e saíu durante o mês de Abril de 1974, com o preço simbólico de um escudo.

É tremendamente difícil a feitura do Avante clandestino. Apesar de todos os cuidados, a PIDE consegue localizar e destruir as tipografias clandestinas que, com regularidade, mudavam de local.

A história do Avante é um manancial de histórias que demonstram a firmeza e a luta tenaz dos militantes do Partido.

Entre muitos outros, estaca-se o operário vidreiro José Moreira que, em 24 de Janeiro de 1950 é preso pela PIDE e depois torturado até à morte por se recusar a revelar a localização da tipografia onde o jornal era impresso.

É dele a frase: uma tipografia clandestina é o coração da luta popular. Um corpo sem coração não pode viver.

Dizem os camaradas que com José Moreira trabalharam, que ele percorria em média 2.500 quilómetros por mês, sentado numa «pasteleira», nem bicicleta era, levando os originais para as tipografias clandestinas, procedendo depois à sua distribuição.


Esta é uma gravura de José Dias Coelho, publicada no nº 304 do jornal, Agosto de 1961, e que mostra uma tipografia clandestina do Avante.


Por ocasião do 50º aniversário do Avante, José Cardoso Pires escreveu este depoimento:


Fontes: Dados recolhidos num volume em que estão reproduzidas algumas das primeiras páginas do jornal e publicado por Edições Avante em Março de 1977.
A gravura de José Dias Coelho é retirada do seu livro A Resistência em Portugal, Editorial Inova, Porto, Junho de 1974.

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