sexta-feira, 9 de maio de 2014

NOTÍCIAS DO CIRCO


Imaginem que uma confederação internacional de sindicatos marcava para o dia das eleições europeias uma sessão em Lisboa sobre o repúdio da austeridade como caminho para a Europa. Ou que uma plataforma de organizações não governamentais convocava para essa tarde, no Porto, uma sessão de solidariedade com as vítimas da catástrofe humanitária na Grécia. Ou ainda que um conjunto de artistas organizava nesse domingo um concerto de apoio à luta dos precários por um emprego com direitos e contra o abuso dos recibos verdes.
Assim fosse e era ver os líderes, sublíderes, aspirantes a líderes e jotinhas em bicos de pés, todos em uníssono a bradar pelo cumprimento da lei eleitoral, exigindo a proibição liminar de todos os atos públicos que interferissem direta ou indiretamente na liberdade de escolha dos eleitores. Ora sucede que se aqueles três cenários são óbvia fantasia, é a mais pura das verdades que o Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia entenderam organizar em Sintra, no dia das eleições, uma jornada de propaganda da receita de austeridade.

José Manuel Pureza no Diário de Notícias de hoje

Legenda: Sintra, imagem tirada de Casa-de-Grande.

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