Imaginem que uma confederação internacional de sindicatos marcava para
o dia das eleições europeias uma sessão em Lisboa sobre o repúdio da
austeridade como caminho para a Europa. Ou que uma plataforma de organizações
não governamentais convocava para essa tarde, no Porto, uma sessão de
solidariedade com as vítimas da catástrofe humanitária na Grécia. Ou ainda que
um conjunto de artistas organizava nesse domingo um concerto de apoio à luta
dos precários por um emprego com direitos e contra o abuso dos recibos verdes.
Assim fosse e era ver os líderes, sublíderes, aspirantes a líderes e
jotinhas em bicos de pés, todos em uníssono a bradar pelo cumprimento da lei
eleitoral, exigindo a proibição liminar de todos os atos públicos que
interferissem direta ou indiretamente na liberdade de escolha dos eleitores.
Ora sucede que se aqueles três cenários são óbvia fantasia, é a mais pura das
verdades que o Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e a
Comissão Europeia entenderam organizar em Sintra, no dia das eleições, uma
jornada de propaganda da receita de austeridade.
Legenda: Sintra, imagem tirada de Casa-de-Grande.
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