Houve um tempo, longo tempo mesmo, em que lia o jornal, quase sempre o Diário de Lisboa, e numa sebenta colava recortes, o jornalisticamente chamado «cola e tesoura», fazia o resumo do dia com notícias locais, nacionais e do mundo, frases e tudo o que me ocorria registar.
Um trabalho que muito me divertiu.
Quando,
para outras vidas, deixei a casa do meu pai, essas sebentas ficaram na
despensa. Passado algum tempo, um domingo em que por lá almocei, perguntei à
minha mãe onde estavam as caixas. Deitou-as fora porque pensou que eram lixo. «Mas
podia ter-me perguntado». Não lhe ocorrera…
Estou a olhar
para o Público de hoje, nº 12.740, preço: 2,10 euros, e lembrei-me de voltar ao velho exercício.
Uma 1ª página é
sempre uma 1ª página e, enfastiado, noto que o grande destaque vai para algo
que me leva a pensar que há ali publicidade paga, sem que isso esteja
mencionado. E, no entanto, há a invasão da Ucrânia, a continuação dos
genocídios em Gaza perpetrados por Israel.
Na página 2, na
habitual coluna que regista o que é «sim» e o que «não», o jornalista José J.
Mateus dirige os seus «nãos» paraNetanyahu e Meloni:
Uma frase do
actor Jeff Bridges na, pág. 3, secção «Importa-se de Repetir?»:
«Eu não acho que nós saibamos sempre quem realmente somos».
Da pág. 4 a 7
uma reportagem de Joana Gorjão Henriques:
«Nem só pessoas
de minorias se sentem ameaçadas pela Administração Trump. Três casais, uma mãe
e um académico contam porque escolheram viver em Portugal».
Nas páginas de «Opinião» o destaque vai para José Pacheco Pereira – Camilo e a ignorância agressiva:
e Bárbara Reis –Sobressalto Cívico tarda em
Chegar:
Na pág. 14 e 15
uma entrevista com o ex-deputado do PSD Fernando Negrão em que se diz que Luís
Montenegro devia ter vendido a empresa antes de assumir funções e acaba
fragilizado por tudo o que aconteceu, mas foi arrogante e quis ir a eleições.
Ana Margarida
Alves na pág. 21 lembra que, em 2023, as mulheres ganharam menos 12,5% do que os
homens.
Na página de
Desporto ainda se anda à volta com o jogo de amanhã em que Portugal, para chegar
à Final Four, terá que, face ao resultado de Copenhaga, vencer a Dinamarca por
dois golos.
Na página 47,
Pedro Guerreiro, correspondente do Público nos Estados Unidos aborda a alta
publicidade que, em plenos jardins da Casa Branca, Donald Trump, ao lado de
Elon Musk, fez dos automóveis da Tesla.
No suplemento
Fugas, que se publica aos sábados, o grande destaque vai para o caldo de
noodles, um «punk rock da cozinha japonesa» que invadiu Portugal.
«Há dez anos, os
primeiros fanáticos apresentaram o ramen aos portugueses. Hoje não faltam nas
taças fumegantes. Fomos saber o que torna um ramen perfeito: o rigor, sim, mas
também a imaginação.»
Volta a não se ler a referência: «Publicidade Paga».
Que não se perca a habitual e bem humorada crónica de vinhos de Pedro Garcias, a de hoje sobre as taxas que Trump quer impor aos vinhos europeus:
Ler também uma
reportagem que lembra 7 Razões porque vale a apena visitar a Irlanda, mesmo
a chover.
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