sábado, 22 de março de 2025

JORNAL DO DIA


Houve um tempo, longo tempo mesmo, em que lia o jornal, quase sempre o Diário de Lisboa, e numa sebenta colava recortes, o jornalisticamente chamado «cola e tesoura», fazia o resumo do dia com notícias locais, nacionais e do mundo, frases e tudo o que me ocorria registar. 

Um trabalho que muito me divertiu.

Quando, para outras vidas, deixei a casa do meu pai, essas sebentas ficaram na despensa. Passado algum tempo, um domingo em que por lá almocei, perguntei à minha mãe onde estavam as caixas. Deitou-as fora porque pensou que eram lixo. «Mas podia ter-me perguntado». Não lhe ocorrera…

Estou a olhar para o Público de hoje, nº 12.740, preço: 2,10 euros, e lembrei-me de voltar ao velho exercício.

Uma 1ª página é sempre uma 1ª página e, enfastiado, noto que o grande destaque vai para algo que me leva a pensar que há ali publicidade paga, sem que isso esteja mencionado. E, no entanto, há a invasão da Ucrânia, a continuação dos genocídios em Gaza perpetrados por Israel.

Na página 2, na habitual coluna que regista o que é «sim» e o que «não», o jornalista José J. Mateus dirige os seus «nãos» paraNetanyahu e Meloni:

Uma frase do actor Jeff Bridges na, pág. 3, secção «Importa-se de Repetir?»:

«Eu não acho que nós saibamos sempre quem realmente somos».

Da pág. 4 a 7 uma reportagem de Joana Gorjão Henriques:

«Nem só pessoas de minorias se sentem ameaçadas pela Administração Trump. Três casais, uma mãe e um académico contam porque escolheram viver em Portugal».

Nas páginas de «Opinião» o destaque vai para José Pacheco Pereira – Camilo e a ignorância agressiva:

«Hoje há uma cultura da boçalidade e ignorância aressiva, que invade a sociedade à medida que os mecanismos de comunicação menorizam o racional».

 e Bárbara Reis –Sobressalto Cívico tarda em Chegar:

«Não comovem Trump, J.D.Vance ou Elon Musk, mas os protestos dão-nos esperança de que nem toda a América esteja dormente».

Na pág. 14 e 15 uma entrevista com o ex-deputado do PSD Fernando Negrão em que se diz que Luís Montenegro devia ter vendido a empresa antes de assumir funções e acaba fragilizado por tudo o que aconteceu, mas foi arrogante e quis ir a eleições.

Ana Margarida Alves na pág. 21 lembra que, em 2023, as mulheres ganharam menos 12,5% do que os homens.

Na página de Desporto ainda se anda à volta com o jogo de amanhã em que Portugal, para chegar à Final Four, terá que, face ao resultado de Copenhaga, vencer a Dinamarca por dois golos.

Na página 47, Pedro Guerreiro, correspondente do Público nos Estados Unidos aborda a alta publicidade que, em plenos jardins da Casa Branca, Donald Trump, ao lado de Elon Musk, fez dos automóveis da Tesla.

No suplemento Fugas, que se publica aos sábados, o grande destaque vai para o caldo de noodles, um «punk rock da cozinha japonesa» que invadiu Portugal.

«Há dez anos, os primeiros fanáticos apresentaram o ramen aos portugueses. Hoje não faltam nas taças fumegantes. Fomos saber o que torna um ramen perfeito: o rigor, sim, mas também a imaginação.»

Volta a não se ler  a referência: «Publicidade Paga».

Que não se perca a habitual e bem humorada crónica de vinhos de Pedro Garcias, a de hoje sobre as taxas que Trump quer impor aos vinhos europeus:

Ler também uma reportagem que lembra 7 Razões porque vale a apena visitar a Irlanda, mesmo a chover.

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