Meu caro, a inércia é filha do frio, este filho do
tempo,
Pai de Todos os males.
Tenho dentro de mim um meteorologista
Disfarçado de poeta húmido.
O sol que tanto reverenciei em puro êxtase,
E cantei como se ele fora
A aurora do futuro
Mudou-se por mim em lua despeitada.
Esconde-se essa senhora,
Umas vezes altiva, outras vezes submissa,
Troca de face, de porte, de vestido,
Não me sabe entender no meu pensar sisudo.
Não sabe ou então sabe de mais,
Que a minha cabeçorra não vislumbra a ciência
Que ma desvela pálida,
Ou amareladamente inquietante.
Emimesmado estou, que é o mais correcto
Para quem de si só cuida conhecer o pouco
Que os deuses autorizam. Não durmo, não me atino
E queixo-me de tudo.
Armando Silva Carvalho em Resumo: a poesia em 2010
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