Para compor os magros vencimentos do seu trabalho, antes do 25 de Abril,José
Saramago traduziu livros. Depois de ser despedido do Diário de Notícias, voltou
às traduções. Num repente, entendeu que deveria ser escritor a tempo inteiro e
zarpou para uma unidade agrícola no Alentejo ao encontro da família Mau-Tempo.
Nasceu Levantado do Chão e o caminhar para o Nobel.
Este
é o texto que Saramago colocou na contracapa de 1º edição de Levantado do Chão:
«Um escritor é um homem
como os outros: sonha. E o meu sonho foi o de poder dizer deste livro, quando
terminasse: "Isto é um livro sobre o Alentejo." Um livro, um simples
romance, gentes, conflitos, alguns amores, muitos sacrifícios e grandes fomes,
as vitórias e os desastres, a aprendizagem da transformação, e mortes. É
portanto um livro que quis aproximar-se da vida, e essa seria a sua mais
merecida explicação. Leva como título e nome, para procurar e ser procurado
estas palavras sem nenhuma glória- «Levantado do Chão». Do chão sabemos que se
levantam as searas e as árvores, levantam-se os animais que correm os campos ou
voam por cima deles, levantam-se os homens e as suas esperanças. Também do chão
pode levantar-se um livro, como uma espiga de trigo ou uma flor brava. Ou uma
ave. Ou uma bandeira. Enfim, cá estou eu outra vez a sonhar. Como os homens a
quem me dirijo.»
Há dias, na
Frenesi Loja, encontrei a tradução de um livro de Christine Garnier feita por
José Saramago.
CHRISTINE
GARNIER
trad. de José Saramago
capa de Sebastião Rodrigues
Lisboa, 1957
Publicações Europa-América
1.ª edição
196 mm x 141 mm
288 págs.
exemplar muito estimado; miolo limpo
20,00 eur (IVA e portes incluídos)
A autora, jornalista basto conhecida em Portugal pelo menos desde a publicação,
em 1952, do seu livro autocomplacente Férias com Salazar [Parceria
António Maria Pereira, Lisboa], surge-nos aqui (traduzida pelo comunista José
Saramago, e numa editora da resistência antifascista) a assinar um romance
característico da cidade que a guerra dividiu.
pedidos para:
pcd.frenesi@gmail.com
telemóvel: 919 746 089 [chamada para rede móvel
nacional]
5 comentários:
"LEVANTADO DO CHÃO"-um grande livro, que vale a pena ler.
"...despedido de Diário de Notícias..." !!? Notável eufemismo!
Sou levado a pensar que o eufemismo está bem aplicado, o notável é que me parecerá um certo exagero. Na tropa, por onde andei, dizia-se «quem passa por elas é que sabe» e, por muito que tenha lido, a história daqueles dias no «Diário de Notícias» ainda não está contada, demorará uns bons pares de anos, e já não andarei por aqui.
Saramaguiano que sou, caio em exageros, quicá àquele «Saramago despedido do «Diário de Notícias.»
Abraço
A história, ao invés do que afirma, já foi exaustivamente contada. Apesar disto, fico grato pela resposta
Velho que sou, fui aprendendo que nada, seja o que for, está «exaustivamente contado». Neste caso, como em tantos outros que marcaram o 25 de Abril e tudo o que se seguiu, muitas pontas soltas ficaram por clarificar. Já não terei tempo para as ver abordadas.
Terei que dizer que as fontes lidas sobre o «Caso Diário de Notícias» foram, na sua maioria tendenciosas.
Há quem goste de estar no meio, convencidos que se veem os dois lados O discurso da cautela nunca me agradou. Gosto de dizer aquilo que penso e, por vezes, não sei ter cuidado com o que digo, por vezes não me defendo muito bem, mas também quem se sabe defender bem pouco arrisca.
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