No Antigamente Na Vida
José Luandino
Vieira
Edições 70, Lisboa, Maio de 1974
Tinha horas como assim: eu queria chegar nos delás
onde nem bem que sabia certo. Zunia pedras nas toscas folhas do mundo, minhas
raivas plenas, xingava as palavras-podres. Fugia – me esfregava no chão de
capins longes, todo eu solitários berros, à toa; e desafiava céu de passarada,
mijava pro ar, cuspia nos infernos. E só na hora de cajueiro-banana perder as
brancas flores, mira de minhas pedradas, me sentava na sombra azul, ansiava
risos, chorava.
É que eu queria as inconhecidas novas alegrias, sofria
de não ter o que nunca que se sabe em vida viva. Desalvorava – cego, mouco e
mudo nos assobios d’amigo, eu queria só o todo, de tudo.
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