Só se deve sonhar em comum.
O pensamento não cinge, converte.
É preciso despegar a alma das fibras dos sentimentos.
Abominar a realidade, mas não lhe fugir.
Ter documentos móveis e instantâneos, que se envolvem
e decifram.
Ser um gato, parado ao sol, que abre de vez em quando
uns verdes
olhos, cheios de cambiantes.
Calar o medo e o pavor.
O que sobra de nós, fica nos outros. Que o repelem.
O constrangimento revela a diferença e a suspeita.
Nenhum entendimento entre a água e a pedra.
É preciso somar os minutos inconformes. E atirá-los à
cara
do primeiro transeunte.
Dominar – a correr – a imaginação. Causa de tantas mortes.
14
de Fevereiro de 1969
Raúl de Carvalho em Um e o Mesmo Livro
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