quarta-feira, 26 de março de 2025

O EXACTO BEM

Só se deve sonhar em comum.

 

O pensamento não cinge, converte.

 

É preciso despegar a alma das fibras dos sentimentos.

 

Abominar a realidade, mas não lhe fugir.

Ter documentos móveis e instantâneos, que se envolvem e decifram.

Ser um gato, parado ao sol, que abre de vez em quando

                                 uns verdes olhos, cheios de cambiantes.

Calar o medo e o pavor.

 

O que sobra de nós, fica nos outros. Que o repelem.

O constrangimento revela a diferença e a suspeita.

Nenhum entendimento entre a água e a pedra.

 

É preciso somar os minutos inconformes. E atirá-los à cara

                                                            do primeiro transeunte.


Dominar – a correr – a imaginação. Causa de tantas mortes.

 

                                                         14 de Fevereiro de 1969

 

Raúl de Carvalho  em Um e o Mesmo Livro

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