segunda-feira, 17 de março de 2025

SEM CONFIDÊNCIAS SEM VISÕES REVELADORAS

Sem confidências sem visões reveladoras
entro num domínio imediato e sinuoso
Escrevo na penumbra da madeira com um ímpeto animal
Inundo-me de uma luz unânime Sou vosso
Quanto eu escrever que seja o cimo ignorante
do bem-estar Que os braços e os joelhos
digam o vagar que brilha em redondez
Que a atmosfera clara cintile e se condense
nas ondulações do repouso e no fulgor das frases
E que as palavras tenham o murmúrio de arvoredos
e de águas vivas e as sombras em sossego
E o vento fragrante que liberta e arrebata
reavive o gozo de ser um amante iluminado

António Ramos Rosa, de O Livro da Ignorância em Obra Poética Vol. II

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