terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

OLHAR AS CAPAS


Obra Poética II

António Ramos Rosa

Edição organizada por Luís Manuel Gaspar

Posfácio: António Guerreiro

Assírio & Alvim, Lisboa, Outubro de 2020

 

Todas as idades passaram

sobre aqueles muros

escalavrados

entre fulvas giestas

sob um besouro obeso

 

Entre o musgo e as salinas

uma corda branca

oscila

como um ramo de silêncio

 

Tudo está disperso tudo está coeso

nos seus anéis de líquen

como se apenas aguardasse o pólen

de uma embriagada abelha

 

A impaciência da espera dissipou-se

na facilidade frágil

dos dados paralelos e monótonos

dos campos castanhos

raiados pelo feltro violeta

de um negro timidamente cintilante 

 

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