O Espelho Poliédrico
Crónicas
Estúdios Cor, Lisboa, Janeiro de 1973
O jornalismo foi talvez a minha única vocação revelada. Ainda joje me
sinto repórter, mas ando sempre atrasado. A atmosfera dos jornais fascinava-me,
de noite sobretudo, com a excitação da hora de «fechar», o cheiro das tintas e o
arfar das máquinas de impressão. Meu pai levou-me um dia à Companhia Estoril,
no Cais do Sodré e apresentou-me a Ribeiro de Carvalho, seu correligionário.
Estreei-me na República (1922), com
umas crónicas da Cidade, gratuitas, sob o título geral «Poeira da Rua».
Compunha-as na cabeça, andando pelas ruas depois do jantar. Já tarde, entrava
na redacção, ia direito à mesa, e escrevi-as de um jacto, com a pena de bicos
tortos a raspar no papel passento – como já o ficcionei em Idealista no
Mundo Real, romance gorado.
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