Ainda me lembro: as
dúvidas
que nasciam por entre
os teus dedos,
e as tuas mãos que se
transformavam em
folhas de uma
vegetação abstracta…
Era de manhã, quando
o ar frio encrespava
a pele e a humidade
batia no rosto
como os fios de uma
teia invisível. Era
a hora em que nenhum
táxi parava, nem
se podia andar pelos
passeios sem
atolar os pés de
lama. No café,
porém, um calor
nascia no intervalo
de um aquário: o teu
amor. E mo o peixe
eu bate no vidro sem
saber para onde ir
andava às voltas,
procurando a saída
para te encontrar
enquanto tu
sacudias a água dos
cabelos e, sem te
importares comigo,
sorrias, como
nenhuns outros lábios
sabiam sorrir,
até hoje.
Nuno Júdice
Legenda: pintura de Valentin Serov
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