Abandono agora estas palavras
e deixo que elas sirvam de pedal.
À quinta-feira tombam desarmadas.
Em desleixo as largo. Não são estas
já minhas as palavras. São papel.
Delas me sirvo e logo as abandono.
As palavras violo. O sol lhes roubo.
Para nada mais as quero.
Nem sequer me pertencem.
São coisa digna. Seriam
coisa séria. Caminho entre palavras
calcinadas. São símbolos
apenas. Letra a letra as destruo.
Reconstruo mais tarde
outro edifício. Com outras
ou restos destas mesmo.
Para que mais queria eu palavras?
Palavras não deflagram.
Só servem de rastilho.
Eduardo Guerra
Carneiro em Algumas Palavras
Sem comentários:
Enviar um comentário