Tenho saudades do pão de minha mãe,
do café de minha mãe…
das carícias de minha mãe…
e a minha infância cresceu,
dia após dia,
e amo a vida, porque,
se eu morresse,
teria vergonha
das lágrimas de minha mãe!
Faz de mim, se eu um dia voltar,
uma umbela para as tuas pálpebras.
Cobre os meus ossos com essa erva
baptizada pelos teus pés inocentes.
Prende-me
com uma mecha dos teus cabelos,
um fio da orla do teu vestido…
talvez um deus,
se tocar o teu coração!
Se eu voltar, mete-me
acha, na tua lareira.
E pendura-me,
corda de roupa, no terraço da tua casa.
Não me sinto seguro
sem a tua prece matinal.
Envelheci. Traz as estrelas da infância
a partilharei com os filhos das aves
o caminho do regresso…
ao ninho onde esperas.
Legenda: pintura de Ismail
Shamout
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