sábado, 20 de fevereiro de 2021

PAUL ROBESON


Le Chant Du Monde LD – M- 8132

Old Man River – Le Canadien Errant - Oh, No, John – Kevin Barry - Didn’t My Lord Deliver Daniel - Les Bateliers De La Volga – Joe Hill – Loch Lomond – There’s A Man Going Round Taking Names – John Brown’s Body – No More – Les Quatre Generaux – My Curly Headed Baby

É talvez o disco que recorda como sendo o mais antigo da discoteca do Pai, excepção feita aos 78 rpm que se espatifaram todos.

Lembra-se dos tempos em que o Pai, de quando em vez, jantava em casa com amigos, jantares palavrosos e chegada a altura dos cafés e dos cigarros este disco ouvia-se, religiosamente.

Não participava desses jantares, mas noutra sala conseguia ouvi-lo e achava-o monótono, incompreensível, sem graça e que contrastava, flagrantemente, com os discos do Renato Carosone, da Caterina Valente e outros que rodavam lá por casa.

Anos mais tarde foi saber coisas e encontrou alguém que o dava como cantor, escritor, activista americano dos direitos políticos e civis, e citava-se Brecht: «Há homens que lutam umas horas e são bons. Há homens que lutam um ano e são melhores. Há homens que lutam muitos anos e são ainda melhores. Mas há os que lutam, toda uma vida: esses são os imprescindíveis».

Entendeu a religiosidade do Pai e dos amigos ao ouvi-lo cantar, percebeu também por que aqueles jantares eram longos e palavrosos. Sente hoje tudo isso e, volta e meia, põe o disco a rodar e, às primeiras espiras, o Pai aparece-lhe, senta-se bonacheirão, sorridente, cigarro Unic nos dedos e dispara: “não há por aí um whiskynho?”.

Sem comentários: